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Governo de Milei vai ter de entregar aos pobres produtos alimentares que retém

Esta decisão judicial decorre de um processo iniciado em fevereiro por organizações sociais, depois da interrupção do fornecimento de produtos alimentares para as ditas sopas populares, pouco após a chegada de Milei ao poder, na Argentina.

Gustavo Garello

Lusa

A justiça argentina ordenou na segunda-feira ao governo do Presidente ultraliberal Javier Milei que proceda "imediatamente" à distribuição de toneladas de ajuda alimentar junto das camadas mais pobres da população, que está a reter desde dezembro.

O juiz federal Sebastian Casanello ordenou ao Ministério do Capital Humano que forneça dentro de 72 horas uma lista detalhada dos géneros alimentícios retidos e que proceda "imediatamente" à sua distribuição.

O magistrado baseou a sua decisão em informação estatística que coloca mais de metade da população abaixo do limiar da pobreza.

A decisão judicial decorre de um processo iniciado em fevereiro por organizações sociais, depois da interrupção do fornecimento de produtos alimentares para as ditas sopas populares, pouco após a chegada de Milei ao poder.

O governo tinha justificado esta interrupção com a realização de uma auditoria das organizações sociais promotoras das sopas populares.

Recentemente, no parlamento, o governo disse que a auditoria tinha indicado que metade das sopas populares não existiam.

Este "negócio da pobreza", um dos cavalos de batalha do governo, conduziu em meados de maio a acusações e processos judiciais contra as sopas populares "fantasmas", por desvio de fundos.

O porta-voz da presidência, Manuel Adorni, disse, em conferência de imprensa, que o governo iria recorrer da decisão do juiz, mas adiantou que os produtos em causa eram "reservas" destinadas a "urgências" ou situações de "catástrofe".

Segundo as organizações sociais, existem cerca de 45 mil sopas populares, mas um número indeterminado delas deixou de funcionar quando o abastecimento que recebiam do Estado foi interrompido.

A Igreja Católica argentina exigiu, no domingo, ao governo que entregue "rapidamente" os stocks de produtos alimentares que tem na sua posse.

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