O que Taha vende é extremamente valioso e ilegal: um lugar num barco de borracha de França para o Reino Unido. Faz parte de uma rede de tráfico que transporta pessoas pela Europa e só no ano passado ganhou mais de 800 mil libras.
Mais de 11 mil imigrantes pagaram a traficantes como Taha até agora este ano, muitas vezes gastando milhares por um lugar num barco de borracha com poucos coletes salva-vidas.
“Nenhum dos meus passageiros morreu”, garante Taha. “Mas há barcos que se viram e os migrantes afogam-se. Esta travessia é uma viagem perigosa”, relata.
Em Calais, no sul do Reino Unido, a Sky News questionou Taha sobre o que pensa quando alguém classifica os traficantes como “desprezíveis”. Taha não se considera um assassino, mas um “salvador” e diz que também ele corre perigo. Foi também por isso que deu a entrevista com a cara tapada e a voz distorcida.
“Há conflitos entre os traficantes por causa dos passageiros e muitas vezes acabam em lutas em que alguém fica ferido ou é morto. Usam revólveres, facas ou AK-47”, conta.
Taha diz que a violência nos campos tem aumentado e diz já ter “aceitado” a possibilidade de morrer.