A China anunciou a abertura de uma investigação à carne de porco importada da União Europeia, naquilo que está a ser visto como uma retaliação ao aumento das tarifas impostas pela Comissão Europeia aos veículos elétricos chineses.
Anunciada esta segunda-feira pelo Ministério chinês do Comércio, a investigação antidumping (concorrência desleal) vai centrar-se na carne de porco destinada ao consumo humano. Pequim quer saber se a carne europeia está a chegar ao país com um preço abaixo do valor normal do seu mercado interno.
Segundo o ministério, citado pela agência Reuters, a investigação foi motivada por uma denúncia apresentada pela Associação Chinesa de Pecuária, a 6 de junho, em nome da indústria suína nacional.
A investigação parece estar dirigida, principalmente, a Espanha, Países Baixos e Dinamarca. Como um dos principais fornecedores de carne suína à China, os produtores de Espanha já anunciaram que vão cooperar com a investigação.
“A União Europeia e a China têm tempo suficiente para chegar a acordos”, disse o grupo espanhol Interporc, citado pela agência de notícias.
O Ministério do Comércio revelou que a investigação deverá ser concluída até 17 de junho de 2025, mas poderá ser prorrogada por mais seis meses, caso seja necessário.
Na reação, um porta-voz da Comissão Europeia garantiu que o bloco não está preocupado com a abertura da investigação e disse aos jornalistas que a UE iria intervir, de forma adequada, para assegurar que a investigação cumpre todas as regras da Organização Mundial do Comércio.
A União Europeia foi responsável por mais de metade dos cerca de 5,5 mil milhões de euros em carne de porco importante pela China, em 2023. Cerca de um quarto das importações veio apenas de Espanha, seguindo-se os Países Baixos e a Dinamarca.
Comissão Europeia vai aumentar tarifas sobre elétricos chineses
A investigação surge após a Comissão Europeia anunciar um aumento até 38% das tarifas sobre as importações de veículos elétricos provenientes da China, a partir de julho, na sequência de umainvestigação aos subsídios atribuídos pelo Governo chinês.
Segundo as conclusões do inquérito aberto, a Comissão Europeia estabeleceu, provisoriamente, que é “do interesse da União Europeia remediar os efeitos das práticas comerciais desleais detetadas, mediante a instituição de direitos de compensação provisórios sobre as importações de veículos elétricos provenientes da China”.
Esta medida vai ao encontro de uma anunciada pelos Estados Unidos, que aumentou o imposto para carros elétricos chineses de 25 para 100%.
Atualmente, as taxas para estes carros chineses na Europa são de 10%. Em 2023, as exportações para a Europa aumentaram 112%, comparativamente ao ano anterior.