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Rahaf canta (entre os escombros) para entreter crianças de Gaza: "Quando é que nos vão defender? Amamos viver"

De viola na mão, Rahaf Fadi Nasser canta nos escombros de Gaza para entreter as crianças. Quer ser médica para ajudar o povo, mas não sabe se vai conseguir. Afinal, existe uma guerra. "Só quero perguntar ao mundo: 'Quando nos vão defender? Estamos a morrer aqui e, até agora, ninguém se mexeu para nos defender, estão todos a assistir".

Rita Rogado

Rahaf Fadi Nasser, uma estudante de medicina, está a usar a paixão pela música para entreter as crianças nas ruas de Gaza. Rahaf quer também transmitir uma mensagem ao mundo: "Quando nos vão defender? Estamos a morrer aqui e, até agora, ninguém se mexeu para nos defender".

A jovem de 19 anos foi obrigada a fugir de casa e a mudar-se mais para sul, para Deir al-Balah, com a família. Sem nada. Perdeu todos os instrumentos musicais e os brinquedos de infância. Restam apenas as memórias.

"Fui deslocada do norte para sul de Gaza na primeira semana de guerra porque havia bombardeamentos constantes. A minha casa desapareceu, assim como todos os meus instrumentos musicais. Todas as lembranças e brinquedos de infância que tinha em casa perderam-se", conta.

Estuda Medicina na Universidade Al-Azhar. Quer ser médica para ajudar o povo de Gaza. Com o curso em pausa por causa da guerra entre Israel e o Hamas, passa os dias a tocar nos escombros dos edifícios e nos telhados para entreter as crianças. É com uma viola emprestada que continua a cantar para transmitir uma mensagem.

"Eu uso a música para transmitir a minha mensagem e a minha voz ao mundo inteiro de que amamos a vida, amamos viver. Os nossos filhos adoram brincar. As crianças lá fora. Todo a gente pensa que amamos morrer, que amamos a situação em que estamos. Mas isso é errado. Os nossos filhos adoram viver, adoram estar vivos, brincar uns com os outros. Aqui não podemos fazer nada disso, eles não podem fazer nada disso, eles só querem paz".

Rahaf Fadi Nasser primeiro aprendeu a tocar piano e depois Oud, um instrumento tradicional de cordas. Mais tarde, aprendeu a tocar viola sozinha. A música é a sua paixão, mas o coração diz outra coisa: espera conseguir ser médica para ajudar o seu povo.

"Só quero perguntar ao mundo: 'Quando nos vão defender? Estamos a morrer aqui e, até agora, ninguém se mexeu para nos defender, todos estão a assistir".

Desde o início da guerra em guerra em Gaza, morreram 37 mil pessoas.

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