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"Netanyahu está completamente entalado e desacreditado"

Na análise à atualidade Internacional, Pedro Cordeiro destaca os últimos desenvolvimentos do conflito no Médio Oriente. O editor de Internacional do Expresso aborda ainda os apoios à Ucrânia, num dia em que Volodymyr Zelensky está de visita a Madrid.

SIC Notícias

Pelo menos 50 pessoas morreram num ataque israelita a um acampamento de deslocados em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. O Hamas responsabiliza a Administração dos EUA e o Presidente Joe Biden pelo ataque. O porta-voz do grupo considera que Israel não teria levado a cabo o ataque sem o apoio norte-americano e a luz verde para invadir a cidade e apela, desta forma, a uma intervenção internacional imediata. Para Pedro Cordeiro, é inquestionável a influência dos EUA sobre Israel, mas “ainda assim, influenciar não é ditar por completo o que Israel faz”.

Os órgãos de comunicação israelitas dizem que a Casa Branca já está a acompanhar a situação e está a recolher mais informação sobre o ataque a Rafah.

“Apesar dos apelos no sentido contrário, Netanyahu tomou uma decisão e foi em frente com ela, mesmo que houvesse muitas vozes e talvez ele devesse tê-las ouvido a dizer-lhe que não era a melhor opção”, considera o editor de Internacional do jornal Expresso.

Esta poderá ser também uma semana decisiva a nível diplomático, tendo em conta que Espanha, Irlanda e Noruega avançam com o reconhecimento do Estado da Palestina.

Sobre os efeitos práticos deste reconhecimento por parte destes três países, Pedro Cordeiro explica que “Netanyahu está numa posição muito frágil, está numa posição em que é contestado pela população israelita (…) já estava frágil antes, esta guerra fragilizou-o porque resulta de uma falha de segurança pela qual o Governo dele é responsável”.

Beni Gantz apresentou uma proposta de uma comissão de inquérito para perceber quais são estas questões de segurança que falharam. Este poderá ser mais um ponto para atacar Benjamin Netanyahu.

Quanto à possibilidade do primeiro-ministro israelita recuar e convocar eleições antecipadas no país, Pedro Cordeiro explica que “é algo que fragiliza Netanyahu, mas é algo que é da mais elementar justiça num Estado de direito, numa democracia os governos têm que prestar contas e tem que se investigar quando falham (…) Netanyahu está completamente entalado e além de que está desacreditado e se houvesse eleições antecipadas, se o Governo cair e houver eleições, provavelmente ele perde-as".

Ainda em relação à posição frágil de Netanyahu e ao possível início de novas negociações, que poderá dar mais esperança aos deslocados e a todos os palestinianos que têm sofrido com este conflito, o editor de Internacional do Expresso sublinha que “haver negociações é sempre uma boa notícia, mesmo que às vezes elas sejam exasperantemente lentas a dar resultados, mas claro que isso pode dar esperança”.

De que forma é que Portugal pode fazer diferença no apoio à Ucrânia?

Sobre a situação na Ucrânia e os novos apoios que vários países têm anunciado, numa altura em que o Presidente ucraniano está de visita a Espanha, Pedro Cordeiro defende que “se Zelensky vier a Portugal, no âmbito desta deslocação com certeza que veremos anunciar formas de apoio ao Ucrânia pelo Governo português”.

“Não estou à espera de uma coisa desta dimensão dos 1.100 milhões” que estão a ser noticiados sobre o apoio espanhol à Ucrânia, “mas com certeza que alguma coisa acontecerá (…) podemos dar apoio enquanto membro da NATO que somos e membro da da Aliança até mais vasta de países que têm apoiado a Ucrânia em defesa contra a invasão russa, julgo que Portugal pode e deve continuar a dar esse apoio”, destaca.

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