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Telescópio espacial Euclid revela novos segredos científicos do Universo

A sonda europeia lançada para explorar a composição e a evolução da matéria escura e da energia escura revela novas imagens e um tesouro de dados científicos, revela a Agência Espacial Europeia.

Catarina Solano de Almeida

O telescópio espacial europeu Euclid, o detetive que investiga o “lado escuro” do Universo, revela inéditas imagens a cores do Universo. Segundo a ESA, “as imagens sem precedentes demonstram a capacidade de Euclid de desvendar os segredos do cosmos e vai permitir aos cientistas caçar planetas rebeldes, usar galáxias com lentes para estudar matéria misteriosa e explorar a evolução do Universo".

As novas imagens acompanham a divulgação dos primeiros dados científicos da missão e 10 novos artigos científicos, todos divulgados hoje no âmbito do Euclid’s Early Release Observations.

Um tesouro, segundo a ESA, que surge menos de um ano após o lançamento do telescópio espacial, em julho de 2023, e cerca de seis meses depois de ter revelado as suas primeiras imagens coloridas do cosmos.

A cientista Valeria Pettorino não tem dúvidas em afirmar que o Projecto Euclid "é uma missão única e inovadora e estes são os primeiros conjuntos de dados a serem tornados públicos – é um marco importante”.

“As imagens e as descobertas científicas associadas são impressionantemente diversas em termos de objetos e distâncias observadas. Incluem uma variedade de aplicações científicas em apenas 24 horas de observações. Representam uma fração do que Euclid pode fazer. Estamos ansiosos por mais seis anos de dados!”

O conjunto completo de observações iniciais teve como alvo 17 objetos astronómicos, desde nuvens de gás e poeira próximas até aglomerados de galáxias distantes. O levantamento principal de Euclid pretende desvendar os segredos do "lado escuro do Universo" e revelar como e porquê o Universo tem a aparência que tem hoje.

“Este telescópio espacial pretende responder às maiores questões da cosmologia que estão em aberto. E estas primeiras observações demonstram claramente que Euclid está mais do que à altura da tarefa", acrescenta Valeria Pettorino.

Matéria escura e energia escura

Euclid tem como objetivo investigar como a matéria escura e a energia escura influenciam a formação e evolução do Universo como o conhecemos atualmente.

Ao que tudo indica, 95% do nosso cosmos é feito dessas misteriosas entidades, mas não entendemos o que são porque a sua presença causa apenas mudanças muito subtis na aparência e nos movimentos das coisas que conseguimos ver.

Enquanto a matéria escura garante a coesão das galáxias, a energia escura provoca a expansão do Universo.

Para revelar a influência “obscura” no Universo visível, durante seis anos Euclid irá observar as formas, distâncias e movimentos de milhares de milhões de galáxias até 10 mil milhões de anos-luz. E ao fazer isso, criará o maior mapa cósmico 3D alguma vez feito.

Resultados sem precedentes

Segundo os cientistas da ESA, as imagens obtidas por Euclid "são pelo menos quatro vezes mais nítidas do que aquelas que podemos obter com telescópios terrestres. Cobrem grandes áreas do céu a uma profundidade incomparável no Universo distante usando luz visível e infravermelha".

“Não é exagero dizer que os resultados que estamos a ver do Euclid são sem precedentes. As primeiras imagens de Euclid, publicadas em novembro, ilustraram claramente o vasto potencial do telescópio para explorar o Universo escuro, e este segundo lote não é diferente", garante a Diretora de Ciência da ESA, Carole Mundell.

Os resultados das pesquisas de Euclid nos próximos anos "irão alterar significativamente a nossa compreensão do Universo".

Segredos científicos revelados

Além de visualmente deslumbrantes, as imagens são muito mais do que belos instantâneos: revelam novas propriedades físicas do Universo graças à capacidade de observação de Euclid. Estes segredos científicos são detalhados em vários documentos de acompanhamento divulgados pela colaboração Euclid, juntamente com cinco documentos de referência sobre a missão Euclid.

Em apenas 24 horas de observações, Euclid produziu um catálogo com mais de 11 milhões de objetos na luz visível e mais 5 milhões na luz infravermelha. Um catálogo com “nova ciência muito significativa”, sublinha a ESA:

  • As primeiras descobertas mostram a capacidade de Euclid de procurar em regiões de formação de estrelas os planetas “rebeldes” a flutuar livremente e que têm apenas quatro vezes a massa de Júpiter;
  • a capacidade de estudar as regiões externas dos aglomerados estelares com detalhes sem precedentes e fazer o mapa de diferentes populações de estrelas para explorar como as galáxias evoluíram ao longo do tempo;
  • revelam como o telescópio espacial pode detectar aglomerados de estrelas individuais em grupos distantes e aglomerados de galáxias; identificar uma rica colheita de novas galáxias anãs;
  • ver a luz das estrelas que foram arrancadas das suas galáxias-mãe – e muito mais.

“Euclid demonstra a excelência europeia em ciência de ponta e tecnologia de ponta e mostra a importância da colaboração internacional. A missão é o resultado de muitos anos de trabalho árduo de cientistas, engenheiros e da indústria em toda a Europa e de membros do consórcio científico Euclid em todo o mundo, todos reunidos pela ESA. Eles podem orgulhar-se desta conquista – os resultados não são pouca coisa para uma missão tão ambiciosa e uma ciência fundamental tão complexa. Euclid está no início de sua emocionante jornada para fazer o mapa da estrutura do Universo", afirma o Diretor-Geral da ESA, Josef Aschbacher.

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