O Presidente norte-americano, Joe Biden, declarou esta quarta-feira que os Estados Unidos "estão a analisar" o pedido do Governo australiano para arquivar o processo judicial contra o fundador do portal Wikileaks, Julian Assange, pela divulgação de documentos confidenciais.
"Estamos a analisá-lo", respondeu Biden a uma pergunta da imprensa sobre o caso, durante a visita oficial à Casa Branca do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
Em meados de fevereiro, o parlamento australiano votou a favor de solicitar aos Estados Unidos e ao Reino Unido a libertação de Assange, detido em Londres desde abril de 2019, depois de quase sete anos refugiado na embaixada do Equador na capital britânica.
Com a mudança de Governo no Equador, as novas autoridades do país sul-americano permitiram a entrada da polícia britânica na sua representação diplomática para deter o ativista, programador de computador e jornalista australiano de 52 anos.
Desde então, este encontra-se à espera de uma possível extradição para os Estados Unidos, onde é acusado de espionagem, pela divulgação 'online', em 2010, de uma grande quantidade de documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas dos Estados Unidos, nomeadamente no Iraque e no Afeganistão.
As acusações de Assange
Retirado à força da embaixada do Equador em Londres a 11 de abril de 2019, Assange tinha-se ali refugiado em 2012 para evitar ser extraditado para a Suécia, onde era judicialmente perseguido por uma acusação de violação, entretanto abandonada e, sobretudo, para os Estados Unidos, cuja justiça o acusava de pirataria informática e depois o indiciou ao abrigo de leis anti-espionagem datadas de 2017.
Assange foi acusado de 17 crimes de espionagem e de um de utilização indevida de computador pela divulgação há quase 15 anos no seu 'site' da Internet de documentos confidenciais dos Estados Unidos.
Os procuradores norte-americanos alegam que Assange encorajou e ajudou a analista dos serviços secretos do Exército norte-americano Chelsea Manning a roubar correspondência diplomática e ficheiros militares que o Wikileaks publicou, pondo vidas em risco.
A Austrália argumenta que existe uma discrepância entre o tratamento dado aos casos de Assange e Manning: o então Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, comutou a sentença de 35 anos de prisão a que Manning foi condenada para sete, o que permitiu a sua libertação em 2017.
A 26 de março deste ano, a justiça britânica pediu aos Estados Unidos novas garantias sobre o tratamento que estaria reservado para Julian Assange se este fosse extraditado, permitindo-lhe, se estas não fossem fornecidas, apresentar um último recurso contra a extradição.