Foi divulgado esta quarta-feira o Relatório Mundial da Felicidade (World Happiness Report, em inglês), um estudo patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU). A Finlândia é o país mais feliz do planeta, numa altura em que a felicidade dos jovens decresceu acentuadamente em várias regiões do globo, nomeadamente nos Estados Unidos da América. Portugal está fora do top 50.
Sem surpresas, o top das nações mais felizes do globo é dominado pelos países nórdicos, com destaque para a Finlândia que figura no primeiro lugar há já vários anos – sétima vez consecutiva.
Os mais e os menos felizes
Seguem-se Dinamarca, Islândia, Suécia, Israel, Países Baixos, Noruega, Luxemburgo, Suíça e Austrália. O estudo concluiu que alguns países localizados no Leste da Europa têm vindo a crescer nos índices de felicidade, realçando a República Checa (18.ª), a Lituânia (19.º) e a Eslovénia (21.º).
Na cauda deste agrupamento, nos últimos dez lugares, surge o Afeganistão, Líbano, Lesoto, Serra Leoa, Congo, Zimbabué, Botswana, Malawi e Eswatini.
Portugal aparece na primeira metade da classificação, na 56.ª posição, quase 20 lugares abaixo do país vizinho, Espanha (32.º).
O ranking deste ano é o primeiro que separa a felicidade por idades, desde os mais novos ao mais velhos não esquecendo aqueles que estão no meio. Em grande parte dos países incluídos na análise, a felicidade tem tendência a cair com o avançar da idade, mas há exceções.
EUA: a grande queda
Nos Estados Unidos, o índice de felicidade entre a fatia populacional mais nova decresceu de tal forma que os mais velhos são agora mais felizes. Razão que contribui em parte para a pior classificação dos EUA nesta lista desde 2012 (23.º), ano em que foi criada – os EUA ocupavam a 15.ª posição em 2023.
No entanto, esta potência mundial não está sozinha. Dinamarca, Finlândia, Noruega, Suécia, Islândia, Nova Zelândia, Países Baixos, Canadá e Austrália são os países onde as pessoas em idade mais avançada são mais felizes quando comparadas com aqueles que estão nas primeiras três décadas de vida.
Neste campo, Portugal aparece na 63.ª posição.
Desde o período 2006-2010 a desigualdade de felicidade tem aumentado em todas as regiões do globo, à exceção da Europa, principalmente para os idosos.
Jovens cada vez mais infelizes: porquê?
Em contraste, os países da Europa central e de leste apresentam outros dados: as pessoas são mais felizes na juventude.
A nível global, os jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos revelaram, entre 2006 e 2019, estar mais satisfeitos com a vida. Mas a situação varia consoante a região. Agora, a felicidade e o bem-estar dos jovens diminuíram na América do Norte, na Europa Ocidental, Europa Ocidental, no Médio Oriente, no Norte de África, e no Sul da Ásia. No resto do mundo, aumentou.
Relativamente às idades mais jovens (10-15 anos), os dados são limitados. Nos países mais desenvolvidos, a satisfação com a vida diminuiu desde 2019, especialmente para as raparigas. Nos países do leste asiático, a satisfação com a vida aumentou em 2019.
Porque é que os jovens estão mais desagradados com a vida? Acredita-se que as redes sociais têm tido uma influência considerável para este declínio, mas há mais razões. A falta de formação, de habitação a preços acessíveis, o aumento da solidão, o cenário económico atual, as fracas perspetivas de futuro, entre outros, têm contribuído para que os jovens não revelem atualmente tanta satisfação para com a vida que levam como outrora.
"Na América do Norte, a solidão é quase duas vezes mais elevada entre os Millennials do que entre os nascidos antes de 1965", lê-se no estudo.
Onde é que os jovens são mais felizes?
Lituânia, Israel, Sérvia, Islândia, Dinamarca, Luxemburgo, Finlândia, Roménia, Países Baixos e República Checa preenchem o top 10 do ranking que avalia a felicidade entre a população mais jovem. Portugal é apenas o 46.º.
À medida que a população mundial de idosos aumenta, o número de casos de demência também deverá aumentar de forma proporcional. Este facto representa um problema, visto que está associada à redução da qualidade de vida e do bem-estar.
Por isso, a prevenção é fundamental para manter elevados os índices de felicidade dos mais velhos, alerta o estudo.
O relatório anual que analisa a felicidade a nível global foi realizado por uma equipa da Universidade de Oxford, tendo em conta os dados recolhidos pela empresa norte-americana de estudos de mercado Gallup.
Habitantes dos 143 países incluídos no estudo avaliaram a sua vida, numa escala de zero a 10, em seis parâmetros distintos: apoio social, rendimentos, saúde, liberdade, generosidade e ausência de corrupção.