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"A nova Rússia de Putin" e a votação da Transnístria nas Presidenciais

A comentadora SIC Maria João Tomás explica quais os pontos em comum entre o território da Transnistria e a Rússia, e os argumentos que Vladimir Putin usa para se referir a esta região que terá seis assembleias de voto.

Maria João Tomás

SIC Notícias

A comentadora SIC Maria João Tomás esteve, esta sexta-feira, em direto na antena da SIC a analisar as Eleições Presidenciais na Rússia, que já arrancaram e vão durar três dias. A investigadora explica quais os locais onde vão decorrer os votos, bem como os últimos argumentos de Vladimir Putin sobre estas eleições.

“A nova Rússia de Putin”?

“Vamos ter eleições nos territórios ocupados da Ucrânia, que Zelensky já disse que não vai reconhecer esses resultados, e também seis assembleias de voto na Transnístria, que é uma faixa dividida da parte da Moldávia por um rio, e que sempre teve umas tentativas de independência face à Moldávia”, começa por explicar a comentadora.

De acordo com Maria João, esta porção denominada por Transnístria está agora do lado da Rússia, porque a Moldávia pediu a adesão à União Europeia (UE), e tem um Governo pró-europeu, mas a 29 de fevereiro de 2022 a Transnístria veio pedir a proteção da Rússia contra a NATO, porque estava com receio da entrada na UE.

Questiona ainda: “Será esta a nova Rússia de Putin? Ocupação de toda a zona da Ucrânia até à Transnístria? Ficaria a Ucrânia sem acesso ao Mar Negro.”

O que torna a Transnístria tão próxima da Rússia?

De acordo a comentadora, Vladimir Putin tem apresentado dois argumentos para a aproximação entre a Transnístria e a Rússia, nomeadamente a “russofonia”, bem como a “russofilia”.

“Russofilia são número de pessoas que são russas ou familiares de russos - foi isso que aconteceu na parte do Donetsk. Mas há mais, falam russo [russófonos], nunca perderam o alfabeto cirílico, coisa que a Moldávia perdeu, mas eles nunca o perderam”, explica.

A comentadora acrescenta que a “língua é um fator importante de identidade” e toda a zona a leste da Ucrânia ainda falava muito o russo, sobretudo na Transnístria.

Este fator leva Vladimir Putin a afirmar que a russofonia é razão para que este território, a Transnístria, seja russo.

Também a presença de monumentos como estátuas e a Casa dos Sovietes, em conjunto com a bandeira e o brasão de armas da época soviética “nunca foi perdida”.

“Isto é particularmente perigoso, porque muitos dos territórios da antiga União Soviética ainda mantêm muitos habitantes com ligação à Rússia [russófilos], ainda mantêm a língua [russófonos] e há muitas zonas como a Transnístria que ainda têm esta herança soviética”, detalha a investigadora.

Ainda ao nível da religião há um seguimento dos costumes russos, por exemplo, o arcebispo da Transnístria que obedece a Moscovo e “é grande fã de Putin”, e da invasão russa à Ucrânia.

Também a região da Transnístria segue o calendário juliano da Rússia, em vez do calendário gregoriano seguido pelo Ocidente.

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