Pelo menos quatro pessoas, incluindo uma criança, morreram num ataque em Rafah na noite passada. Há ainda um número indeterminado de feridos.
Israel mantém os bombardeamentos sobre a cidade, onde estão encurralados milhão e meio de civis palestinianos. E garante que até ao ataque final, é só uma questão de semanas.
"Não vamos desistir. Se chegarmos a um acordo, a operação será um pouco adiada, mas acontecerá. Se não houver acordo, acontecerá na mesma. Tem de ser feito, porque a vitória total é o nosso objetivo e está ao nosso alcance, não daqui a meses mas daqui a semanas, quando começarmos a operação", disse Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.
Ou seja, a intervenção em larga escala em Rafah é certa. Quanto muito pode ser adiada, se houver algum tipo de acordo, nas negociações mediadas pelo Qatar, pelo Egito e pelos Estados Unidos.
"Temos sido claros ao afirmar que não acreditamos que uma operação militar de grande envergadura deva acontecer em Rafah, sem um plano claro e exequível para proteger esses civis, para os pôr em segurança, alimentar, vestir e alojar. E não vimos um plano desse género", afirmou Jake Sullivan, do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
Sem qualquer plano para proteger os civis, as últimas horas voltaram também a ser de ataques na própria cidade de Gaza, onde Israel diz ter abatido cerca de 30 homens com ligações ao Hamas.
Em Gaza, à superfície, já pouco ou nada existe. A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch acusa Israel de estar a matar à fome os quase dois milhões e meio de palestinianos em Gaza.
"Eu pesava 91 quilos, agora peso 67 quilos. O meu filho diz-me a mim e à mãe, em sonhos que quer comer. É grave a escassez de alimentos no norte da Faixa de Gaza" conta Samer Al-Harazin, desalojado em Gaza.
Nesta antiga escola da ONU, transformada em refúgio logo no início da guerra, vive também Mona, de 7 anos. Veio há um mês com a mãe.
"As condições de higiene no abrigo são más e não há abastecimento de água potável. Enquanto houver água, bebemo-la. O que bebemos é água suja. Por isso, a minha filha foi infetada com hepatite", indica Manal Abu Shawish, mãe de Mona.
Por causa da fome, da guerra e do extermínio em Gaza, o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana apresentou a demissão ao presidente Mahmoud Abbas.
Mohammad Shtayyeh considera que não pode haver divisões: todos os palestinianos têm de estar unidos na resposta a Israel.