Os Houthis reivindicaram o ataque contra um navio britânico e outro norte-americano ao largo da costa do Iémen, no Mar Vermelho. O ataque ocorreu a 57 quilómetros de um porto controlado pelo grupo pró-iraniano e acontece depois de os EUA terem atacado dois drones navais do movimento rebelde. O exército norte-americano diz que os drones carregavam explosivos e representavam uma ameaça iminente para os navios dos Estados Unidos.
Para Daniel Pinéu, “os Houthis estão a beneficiar com estes ataques dos EUA”, na medida em que estão a “ganhar cada vez mais popularidade e apoio” no Iémen. O comentador da SIC analisa também a inação da China face aos ataques no Mar Vermelho e a deslocação do secretário de Estado norte-americano ao Médio Oriente.
Questionado sobre o facto da China, que tem tantos interesses nesta rota do Mar Vermelho, não estar a intervir e a colocar-se ao lado de quem está a tentar defender esta zona, Daniel Pinéu considera que esta situação “não representa ainda para a China um perigo fundamental a médio prazo, é possível que a China venha a intervir de forma mais lenta e mais discreta nos próximos meses, sobretudo fazendo pressão no Irão.”
“Há duas coisas que são importantes, a primeira é que não é líquido que a China tenha assim tanta influência sobre os Houthis”, começa por explicar. A segunda é que “a China está a ganhar dividendos, ou seja, o que a China está a fazer é enfraquecer os seus competidores globais, mas sobretudo os Estados Unidos, e está a ver as dificuldades dos Estados Unidos ao embrenhar-se mais e mais no conflito regional”.
“Houthis estão a ganhar cada vez mais popularidade e apoio”
Na opinião do comentador da SIC, a estratégia dos Estados Unidos está a trazer benefícios para os Houthis, apesar de ser para a “navegação comercial global se manter aberta, o que é de facto importante e também aproveita a China aproveita a todos nós”.
“No entanto, está a ser feito de uma forma que não está a conseguir dissuadir os Houthis e é pouco provável que esteja a dissuadir os Houthis no curto e médio prazo. Na verdade, o que nós estamos a ver é que no Iémen até a oposição aos Houthis está a chegar-se cada vez mais perto e eles estão a ganhar cada vez mais popularidade e apoio”.
“Os Houthis, na verdade, estão a beneficiar com estes ataques dos Estados Unidos”, conclui Daniel Pinéu.
Deslocação de Blinken ao Médio Oriente
Em relação à viagem do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, pela quinta vez em visita ao Médio Oriente desde o início da guerra Israel-Hamas, o comentador da SIC mostra-se pessimista quanto aos resultados desta deslocação.
"É extraordinariamente difícil que isso aconteça de uma forma significativa, ou seja, é possível que Blinken consiga pôr alguma pequena pressão no Governo de Israel, por exemplo, para abandonar a retórica menos construtiva que teve nos últimos dois dias em relação ao acordo que está a ser negociado.
Esse acordo, que é importantíssimo para a libertação dos reféns, não é um acordo particularmente estável, ou seja, se o Governo israelita aceitar e se o Hamas aceitar esse acordo, nós vimos no acordo anterior que teve alguns benefícios, de facto libertou imensos reféns, mas colapsou pouco tempo depois e não abriu espaço para um cessar-fogo mais alargado", destaca Daniel Pinéu.