O governo francês deixou cair um aumento de impostos para os agricultores no país, numa tentativa de acabar com o protesto que já bloqueia estradas em toda a França.
Passo a passo esta sexta-feira os agricultores começaram a aproximar-se e a bloquear, parcialmente, troços de autoestrada que dão acesso à capital francesa.
O cenário era idêntico um pouco por todo o país, com centenas de quilómetros de filas, desde logo de camionistas, alguns portugueses retidos, sem saber quando podiam sair dali.
“Vai-nos começar a faltar alimento, condições de higiene, isto é desumano”, disse Joel da Silva, camionista.
Além do bloqueio das estradas, os agricultores espalharam estrume, fardos de palha e lixo junto a edifícios da administração pública.
O governo sabia que corria contra o tempo.
o primeiro-ministro foi ao sudoeste francês, zona onde começou o protesto há uma semana.
“Vamos parar com esta trajetória de aumento do imposto sobre o gasóleo agrícola. Digo-o de forma bastante clara”, confessou Gabriel Attal.
O primeiro-ministro anunciou ainda menos burocracia e face ao discurso contra a União Europeia, o chefe de governo lembrou as ajudas de Bruxelas.
“Sair da União Europeia é privar-nos da Política Agrícola Comum, é privar-vos de nove mil milhões de euros por ano”, disse.
É que os produtores franceses dizem que a transição ecológica de Bruxelas está a estrangular a agricultura do país e alguns criticam mesmo o Mercado Único Europeu.
Dizem que há regras em França que são mais estritas que no resto da União Europeia e houve agricultores a dificultar a circulação de mercadoria estrangeira, como a de um camião vindo de Portugal.
Os produtores agrícolas franceses chegaram mesmo a destruir toneladas de mercadorias vindas de países como Espanha ou Itália. Resta saber se os anúncios do governo serão suficientes para travar os bloqueios e o discurso eurocético.