Mundo

Hamas anuncia morte do seu número dois em ataque israelita em Beirute

Al-Arouri era um dos fundadores da ala militar do Hamas e chefiou a presença do grupo palestiniano na Cisjordânia. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ameaçou matá-lo antes mesmo da guerra contra o Hamas.

Nariman El-Mofty/AP

SIC Notícias

Lusa

O número dois do Hamas, Saleh al-Arouri, foi morto esta terça-feira num ataque israelita nos subúrbios de Beirute, revelou o movimento islamita palestiniano no seu canal oficial, Al-Aqsa TV.

"Martírio do vice-presidente do gabinete político do Hamas, Xeique Saleh al-Arouri, num ataque sionista em Beirute", afirmou o grupo palestiniano no anúncio da morte do seu dirigente

A mesma informação já tinha sido avançada à agência France-Presse (AFP) por duas fontes das autoridades de segurança libanesas.

De acordo com um destes responsáveis citados pela AFP, al-Arouri foi morto juntamente com os seus guarda-costas num ataque israelita que teve como alvo o escritório do Hamas nos subúrbios sul da capital libanesa, reduto do movimento xiita Hezbollah, aliado do Hamas.

A Agência Nacional de Notícias estatal do Líbano informou por sua vez que a explosão resultante de um 'drone' israelita matou seis pessoas.

A explosão sacudiu os subúrbios ao sul da capital libanesa quando já era noite, provocando o caos no local, mas a sua causa não foi imediatamente conhecida.

Al-Arouri era um dos fundadores da ala militar do Hamas e chefiou a presença do grupo palestiniano na Cisjordânia.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ameaçou matá-lo antes mesmo da guerra contra o Hamas iniciada em 7 de outubro de 2023.

Esta é a primeira vez desde o início da atual guerra na Faixa de Gaza que Israel ataca a capital libanesa.

Os confrontos entre o exército israelita e o Hezbollah estavam até agora limitados às zonas fronteiriças no sul do Líbano, quando se têm repetido vários avisos no mundo árabe e na comunidade internacional sobre o receio de alastramento do conflito a outras regiões do Médio Oriente.

As autoridades israelitas ainda não se pronunciaram sobre este ataque em Beirute.

al-Arouri

No Líbano desde 2018, al-Arouri esteve detido em prisões israelitas durante 12 anos antes de ser libertado em 2010 e são-lhes atribuídos vários ataques contra Israel a partir de solo libanês.

Mais recentemente, foi um dos principais negociadores do Hamas na libertação dos reféns feitos pelo seu grupo no ataque contra Israel em 7 de outubro.

Há um mês, em declarações à rede televisiva Al Jazeera, afirmou que os restantes prisioneiros eram soldados ou antigos soldados e que não seriam libertados até que Israel terminasse os seus ataques na Faixa de Gaza.

Ezzat al- Rishq, membro do gabinete político do Hamas, reagiu num comunicado à morte de al-Arouri, afirmando que "os cobardes assassínios levados a cabo pelo ocupante sionista [Israel] contra os líderes e símbolos do nosso povo palestiniano, dentro e fora da Palestina, não conseguirão quebrar a vontade e a resiliência do povo [palestiniano] , nem impedir a continuação da sua valente resistência".

Pouco antes de a morte de al-Arouri ser conhecida, o líder do movimento islamita, Ismail Haniya, afirmou que está aberto ao estabelecimento de um governo palestiniano único para a Cisjordânia e Faixa de Gaza.

"Recebemos muitas iniciativas em relação à situação interna [da Palestina] e estamos abertos à ideia de um governo nacional para a Cisjordânia e Gaza", disse Haniya num discurso transmitido pela televisão.

No mesmo discurso, o dirigente político referiu-se aos reféns israelitas em posse do Hamas, insistindo que só serão libertados de acordo com as condições do movimento islamita palestiniano.

Últimas