O primeiro-ministro considerou que esta quinta-feira “muito inteligente” a solução sugerida pela Alemanha, para se resolver o impasse húngaro, depois de o Conselho Europeu decidir abrir as negociações para a integração da Ucrânia e da Moldova. Em entrevista exclusiva à SIC, António Costa explica qual a solução encontrada para estas negociações.
“Eu acho que ele [Viktor Orbán] não tinha intenção, efetivamente, de bloquear a decisão. Mas, por outro lado, não se queria associar a decisão, e a forma que encontrou, de não bloquear nem se associar, foi ir tomar um café”, afirmou António Costa.
O primeiro-ministro português esclareceu que esta ausência de um dos países no momento de tomada de decisão “está prevista nos tratados", portanto o acordo "foi aprovado com unanimidade, não estando presente a Hungria”.
“A intervenção do Presidente Zelensky foi logo no início do Conselho. Depois tivemos muitas horas a discutir, e depois houve uma sugestão muito inteligente de um colega de um colega para que seja adotasse essa solução e que sugeriu”, explicou António Costa.
Questionado sobre quem sugeriu uma solução, António Costa respondeu: “Uma solução tão inteligente que só a tecnologia alemã permitiria, portanto, o Chanceler [Olaf] Scholz”.
O primeiro-ministro foi interrogado se esta foi a primeira vez que foi obtido um acordo desta forma, com a ausência de um dos países membros, ao que António Costa respondeu acreditar que já aconteceu anteriormente.
“Eu tenho uma vaga ideia que já aconteceu, mas não lhe quero garantir”, disse.
50 milhões para a Ucrânia?
Segundo António Costa: “Parte do problema está resolvido [...] Das partes difíceis para resolver é concluir a discussão do quadro financeiro político anual”.
Questionado se vai haver reforço das verbas destinadas à Ucrânia, ou apenas o pacote de 50 mil milhões de euros de ajuda financeira para os próximos quatro anos, o primeiro-ministro esclareceu que “haverá seguramente os 50 mil milhões de euros para a Ucrânia. Mais um bocadinho, mas não muito”.
Sobre se Orbán aceita que os 50 mil milhões fiquem dentro do orçamento comunitário, António Costa disse que “essa é a parte que ainda falta discutir”.
“Para já [Orbán] não inviabilizou a abertura das negociações com a Ucrânia e com a Moldova”. explicou.
Orbán vê negociações como uma “má decisão”
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, considerou esta quarta-feira uma "má decisão" a abertura de negociações formais de adesão da Ucrânia à União Europeia, na qual, disse, a Hungria "não quer participar".
"A adesão à Ucrânia à UE é uma má decisão. A Hungria não quer participar desta má decisão", escreveu Viktor Orbán, numa publicação na rede social Facebook, após o anúncio desta deliberação, que exigia unanimidade no Conselho Europeu.
Entretanto, fontes europeias indicaram que, quando os líderes europeus estavam a tomar esta decisão, que requereu unanimidade entre os 27, Viktor Orbán saiu da sala, embora tivesse conhecimento da votação.
Outras fontes europeias referiram que, no momento em que a decisão foi adotada, Orbán "se ausentou momentaneamente da sala de uma forma previamente acordada e construtiva".