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"Quantos mais dias o acordo prevalecer, mais tempo o Hamas terá para se reagrupar"

O comentador da SIC Germano Almeida analisa os mais recentes desenvolvimentos entre Israel e o Hamas, que acordaram tréguas para trocarem reféns e prisioneiros nos últimos dias.

Germano Almeida

No último dia das tréguas acordadas para a Faixa de Gaza, tanto Israel como o Hamas mostraram abertura para prolongar o acordo que tem permitido trocar reféns e prisioneiros. Mas, “por muito bom que seja que haja uma extensão, porque isso aumenta o número de reféns libertados, não nos esqueçamos que quantos mais dias este acordo prevalecer, mais tempo o Hamas terá para se reagrupar”, avisou esta segunda-feira Germano Almeida, na SIC Notícias.

O comentador da SIC lembra que “certamente que não é só por razões humanitárias que o Hamas está a fazer isso” e “Israel, ao aceitar o acordo, entra também um pouco nesse jogo”, o que mantém o cenário de conflito sob “grande tensão e grande risco”.

Ainda assim, todo este processo não deixa também de ser “um bom sinal”, já que “tudo aquilo que podia correr mal, até agora não correu”.

“Houve risco, no sábado, quando o Hamas ameaçou não libertar ao segundo dia os reféns por acusar Israel de não estar a cumprir a parte humanitária, com os camiões. Ora, isso foi desbloqueado”, acrescenta Germano Almeida.

Neste momento, para o comentador da SIC, há três perguntas que este cenário de tréguas levanta.

“Primeiro, depois desta trégua, vai Israel ter condições de voltar à operação militar, pelo menos nos termos antes da trégua? Acho difícil. Quais as consequências que a libertação dos presos vai ter em Israel? Alguns deles prometem vingança por aquilo que Israel está a fazer em Gaza. E, por fim, será bom que o Hamas ganhe diplomaticamente ao sair como um vencedor deste processo? Se calhar não vai ser”, enumera Germano Almeida.

Já sobre a libertação de um refém do Hamas com nacionalidade russa, o comentador da SIC não tem dúvidas de que se podem tirar conclusões dessa posição do grupo.

“Isto quer dizer duas coisas. Por um lado, que o Hamas está a usar reféns não israelitas como um trunfo de mediação e um trunfo diplomático. Por outro lado, lembra-nos que o Hamas, mesmo que de forma não assumida pela Rússia, tem apoios internacionais”, explica.

Além do “mais óbvio”, que é o Irão, “também a Rússia, mas de forma menos evidente, tem interesse em promover a capacidade do Hamas, em continuar a gerar ali instabilidade porque, de repente e desde 7 de outubro, deixámos quase de falar da Rússia e da Ucrânia”.

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