Os Presidentes dos Estados Unidos e da China reúnem-se hoje em São Francisco, à margem do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico. É o primeiro encontro presencial num ano e é visto pelos analistas como uma oportunidade de estabilizar as relações diplomáticas entre as duas potências.
Os dois líderes deverão falar sobre os atuais conflitos, as consequências para o mundo e as questões fundamentais para alcançar a paz.
Germano Almeida considera que há de facto uma tentativa de aproximação com este encontro.
“É muito relevante que o Presidente da China se encontre com o Presidente dos Estados Unidos em solo americano (…) é uma oportunidade na perspetiva em que nos últimos meses houve um agravar das tensões entre as duas maiores potências, nomeadamente a questão do balão, a questão das tarifas e, sobretudo, a forma como a China continua, no caso da invasão russa da Ucrânia, a estar do lado da Rússia. Os Estados Unidos acham que a China devia dissuadir Putin a continuar a invadir a Ucrânia e na questão israelo-palestiniana (…), consideram que a China podia ser um fator de dissuasão relativamente ao Irão”.
A grande preocupação da administração Biden relativamente à China é o Irão e um alastramento do conflito israelo-palestiniano com a entrada do Irão.
“A China é um dos principais clientes do Irão na questão do petróleo. E se a China dissesse ao Irão: ‘reduzimos bastante a compra de petróleo e temos outras alternativas’ isso podia ser um fator para o Irão deixar de ameaçar entrar diretamente na guerra”.
As guerras e a questão de Taiwan
Joe Biden deverá fazer uma abordagem direta à questão de Taiwan, tanto pela preocupação militar como pela preocupação económica.
“A China sabe que, com os Estados Unidos claramente apoiar Israel e a Ucrânia nessas duas guerras que nos absorvem, a China sabe que os Estados Unidos não teriam condições para, numa intervenção da China em Taiwan, pudessem também a ajudar a ajudar Taiwan”.
Quando à preocupação militar, “Biden, vai dizer assim um pouco o que disse ao Irão: ‘don’t, não se atrevam' e no caso de Taiwan não se atrevam a avançar para Taiwan, aproveitando agora estas duas guerras”.
No que respeita à questão económica: “EUA e China, de longe as duas maiores potências, estão muito dependentes em relação a Taiwan, em relação aos semicondutores , é verdade. Biden tem tentado reduzir essa dependência apostando em produção interna, mas é verdade também que é e continua a ser bastante dependente disso e Biden sabe que uma intervenção chinesa em Taiwan seria não só uma questão de ameaça à segurança Internacional, também uma questão de ameaça à própria segurança económica, porque a China teria uma grande superioridade relativamente à questão dos semicondutores”.
Negociações no Médio Oriente
Israel disse que controla a cidade de Gaza e há indicadores de que há negociações de bastidores para a libertação de reféns. Germano Almeida diz que não há confirmação, “mas a verdade é que Israel ainda não desmentiu essa questão, que poderá passar também por uma parte humanitária”
"Embora ninguém os confirme, há indicadores seguros que algo de muito sólido está a avançar, nomeadamente desde a viagem do diretor da CIA, William Burns à região e eventualmente também com a intervenção de responsáveis do Mossad Israelita. O diretor da CIA é alguém com grande conhecimento da região, já foi embaixador na Jordânia e, curiosamente, também na Rússia, e terá começado uma via com Estados Unidos, Israel, pelo menos a parte dos serviços secretos, com a Jordânia, com o Qatar, no sentido de haver rapidamente esta solução: o Hamas libertar não 3 ou 4, mas 70 a 100 reféns israelitas a troco de uma libertação do número indeterminado, provavelmente bem mais de 100, presos palestinianos nomeadamente mulheres.
"Israel está a aceitar a pressão americana de fazer pausas humanitárias de 4 horas por dia, aumentar isso e aceitar um cessar-fogo pela primeira vez na Casa de 4 a 5 dias"