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Cinco dias de conflito: cinco dias de terror, mortes e muito medo

Em resposta ao Hamas, foi formado em Israel um Governo de Unidade Nacional. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o líder da oposição Benny Gantz estão agora juntos num gabinete de guerra.

HATEM MOUSSA

SIC Notícias

Em resposta a novos ataques, Israel ativou a Cúpula de Ferro. O sistema de defesa antiaérea não intercetou um dos foguetes que atingiu um hospital em Ashkelon. Os doentes foram de imediato levados para a cave e serão transferidos para hospitais no centro de Israel.

Há cinco dias que Ashkelon é bombardeada a partir da Faixa de Gaza. Sderot foi outro dos alvos das centenas de foguetes lançados a partir de Gaza. O ataque a esta cidade do sul interrompeu as operações de limpeza e a recolha de corpos de militantes do Hamas.

Até agora, dizem as autoridades israelitas, que já foram recolhidos 1.500 cadáveres em Sderot e nas povoações fronteiriças onde houve infiltrações de terroristas. Ao quinto dia de guerra, uma câmara de vigilância captou outra salva de foguetes lançada sobre Ashdod, a 40 quilómetros de Gaza.

Uma resposta sem piedade

Por terra, ar e mar, Israel apertou o cerco e manteve os bombardeamentos intensos ao território palestiniano. Em visita a reservistas mobilizados, o comandante do exército prometeu uma resposta sem piedade.

O conflito alastrou entretanto ao norte do país. Em resposta a ataques reivindicados pela Jihad Islâmica e pelo movimento xiita Hizbollah, foi reforçada a segurança na região. E bombardeado, de novo, o sul do Líbano.

Em Israel, apesar do balanço ser ainda provisório, choram-se já 1.200 mortos dos ataques de sábado. Por todo o país, realizam-se funerais de vítimas civis e militares.

A nível político, foram esquecidas divergências e formado um Governo de Unidade Nacional que junta o primeiro-ministro e o líder da oposição num gabinete de guerra.

Num abrigo antiaéreo de Telavive, os israelitas cantam a Hatikvá. Entoam um hino nacional que fala em esperança de dois mil anos e de um povo livre na terra de Sião e Jerusalém.

60% dos feridos são mulheres e crianças

Telavive cortou o abastecimento de energia e de bens essenciais ao território palestiniano que está agora cercado, sem eletricidade e quase sem água nem alimentos.

Cinco dias depois do início dos bombardeamentos aéreos em Gaza, há bairros inteiros que desapareceram deste pequeno território onde vivem 2,2 milhões de palestinianos. De acordo com as estimativas das Nações Unidas, quase metade desta população tem menos de 14 anos.

Não é por isso surpreendente que entre as vítimas dos bombardeamentos e do bloqueio de Israel estejam tantas crianças.

Milhares de famílias estão agora abrigadas em escolas e hospitais das Nações Unidas e não terão uma casa para onde regressar no final da guerra.

Não há, pelo menos para a esmagadora maioria da população, abrigos subterrâneos. As condições são precárias e estão a agravar-se a cada novo bombardeamento e a cada minuto que passa.

Israel divulgou imagens de alguns dos ataques das últimas horas e diz estar a atuar no total cumprimento da lei internacional escrita para salvaguardar da vida de civis em tempos de guerra.

Justifica as ações militares com a necessidade de esmagar o Hamas, mas para estes palestinianos e ativistas pelos direitos humanos, Israel está a tentar varrer os palestinianos do mapa da Palestina.

Aos bombardeamentos aéreos somam-se ataques de artilharia que antecipam a ameaça de uma ofensiva terrestre israelita na Faixa de Gaza.

População de Gaza está encurralada

Todas as entradas e saídas de Gaza estão agora fechadas incluindo a do lado do Egito. Teme-se uma catástrofe humanitária.

Rodeado de Israel por quase todos os lados, o mais pequeno dos territórios palestinianos é uma estreita faixa encostada ao mar Mediterrâneo, e com uma pequena fronteira com o Egito.

Apesar de ter retirado formalmente em 2005, Israel ainda exerce um controlo total sobre o território. Nas entradas e saídas de pessoas e bens, no espaço aéreo, no bloqueio marítimo às águas territoriais de uma população com mais de 2 milhões de pessoas. De tal forma que é frequentemente chamado a maior prisão a céu aberto do mundo.

Com as falhas nas comunicações, é cada vez mais difícil saber que zonas poderão ser atingida e correm rumores desenterrados sobre o que a população deve fazer.

No mar existe uma pequena zona de pesca rigorosamente guardada pelas forças armadas israelitas. Em terra, muro e vedações com vários metros de altura separam a faixa de 41 quilómetros de comprimento por 11 na fronteira com o Egito.

Além da cidade de Gaza, existem outras aldeias, agora bairros praticamente contínuos. As várias passagens foram sendo progressivamente encerradas. Esta terça-feira foi a vez de Rafah, alvo de um bombardeamento quando milhares de pessoas fugiam dos bombardeamentos entre as quais a mulher palestiniana e a filha bebé deste cidadão egípcio.

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