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União Europeia quer reinventar mercado do trabalho e anuncia cimeira

Ursula von der Leyen pediu também um "rápido acordo" sobre o orçamento da UE a longo prazo, afirmando ainda esperar um protocolo comercial com os países do Mercado Comum do Sul até final do ano.

Jean-Francois Badias

Lusa

A Cimeira de Parceiros Sociais vai voltar no próximo ano, durante a presidência belga do Conselho da União Europeia (UE), para fortalecer o mercado do trabalho europeu e adaptá-lo ao futuro, revelou esta quarta-feira a presidente da Comissão Europeia.

"Precisamos de melhorar o acesso ao mercado de trabalho, ainda mais para os jovens e para as mulheres. Precisamos de migração qualificada e, além disso, precisamos de responder às mudanças profundamente enraizadas na tecnologia, sociedade e demografia", considerou Ursula von der Leyen, durante o debate sobre o Estado da União, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, em França.

"Uma nova Cimeira de Parceiros Sociais, mais uma vez em Val Duchesse" -- o castelo onde se realizou a primeira reunião deste tipo, há quase quatro décadas -- será organizada em conjunto com a presidência belga do Conselho da UE, no primeiro semestre de 2024. A presidência belga será a última antes do início do mandato da nova comissão.

Von der Leyen acrescentou que é "necessário contar com a perícia de negócios e associações comerciais", os "parceiros de negociação coletivos".

Lembrando que já passaram quase 40 anos desde que Jacques Delors organizou esta reunião em Val Duchesse e "viu nascer o diálogo social europeu", a representante declarou que desde então os parceiros sociais moldaram a União e asseguram a prosperidade para milhões.

"E agora que o mundo à nossa volta muda cada vez mais rápido, os parceiros sociais têm, mais uma vez, de estar no coração do nosso futuro.

"Juntos, precisamos de nos focar nos desafios que o mercado do trabalho enfrenta, de competências e escassez de mão-de-obra, a desafios novos provenientes da inteligência artificial", completou.

Von der Leyen pede orçamento da UE aprovado e acordo com Mercosul

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu esta quarta-feira "rápido acordo" sobre o orçamento da União Europeia (UE) a longo prazo, afirmando ainda esperar um protocolo comercial com os países do Mercado Comum do Sul (Mercosul) até final do ano.

"As empresas europeias precisam de ter acesso a tecnologias-chave para inovar, desenvolver e produzir, [...] é um imperativo económico e de segurança nacional preservar uma vantagem europeia em tecnologias críticas e emergentes, [mas] esta política industrial europeia exige também um financiamento europeu comum", disse Ursula von der Leyen no seu discurso sobre o Estado da União em 2023, na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.

Foi por isso que, de acordo com a líder do executivo comunitário, a Comissão Europeia propôs recentemente uma revisão para reforço do orçamento de longo prazo da UE e a criação de uma Plataforma de Tecnologias Estratégicas da Europa (STEP) para apoiar a liderança europeia no domínio das tecnologias críticas.

"Com a [plataforma] STEP, podemos impulsionar, alavancar e orientar os fundos da UE para investir em tudo, desde a microeletrónica à computação quântica e à inteligência artificial, da biotecnologia às tecnologias limpas, e as nossas empresas precisam deste apoio agora, por isso apelo a um rápido acordo sobre a nossa proposta de orçamento", afirmou Ursula von der Leyen.

"Sei que posso contar com esta assembleia", acrescentou, numa alusão à discussão entre os colegisladores (Conselho e Parlamento Europeu).

Já falando sobre a competitividade europeia, a responsável defendeu a aposta num "comércio aberto e justo".

"Até agora, concluímos novos acordos de comércio livre com o Chile, a Nova Zelândia e o Quénia e o nosso objetivo é concluir acordos com a Austrália, o México e o Mercosul até ao final do corrente ano e, pouco depois, com a Índia e a Indonésia", revelou, defendendo que o "comércio inteligente gera bons empregos e prosperidade".

Negociadores da UE e do Mercosul estão agora a ultimar as discussões comerciais para concluir este acordo comercial, que teve aval há cinco anos, mas que tem vindo a ser contestado dentro do bloco comunitário por razões concorrenciais e ambientais.

O acordo UE-Mercosul abrange 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial.

Este discurso sobre o Estado da União, um exercício anual a marcar o início do ano legislativo, ocorre quatro anos após a eleição de Von der Leyen - que iniciou o seu primeiro mandato à frente do executivo comunitário em dezembro de 2019 - e a menos de um ano das eleições europeias de 2024, marcadas para junho.

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