Jair Bolsonaro optou pelo silêncio no depoimento prestado esta quinta-feira à policia de Brasília, no âmbito das investigações da venda irregular de joias recebidas durante o seu Governo, como prendas de membros sauditas.
A Polícia Federal brasileira organizou um esquema especial de segurança para analisar, em simultâneo, os depoimentos do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro, da ex-primeira-dama, de três assessores diretos e de dois advogados do ex-presidente, e de um general do exército.
O caso refere-se a um conjunto de joias e objetos de grande valor que foram entregues a Bolsonaro em viagens oficiais à Arábia Saudita e outros países árabes, e que deveria ter entregue ao Estado brasileiro ao deixar o poder.
De acordo com os investigadores, parte das joias teria sido vendida no exterior, tendo sido transportada no avião da Força Aérea Brasileira quando o ex-presidente viajou para os Estados Unidos, em dezembro do ano passado,
Bolsonaro foi convocado a depor no caso das joias ao mesmo tempo que sua mulher Michelle Bolsonaro, o seu ex-assessor militar Mauro Cid, os advogados Fabio Wajngarten e Frederick Wassef, e Mauro César Lourena Cid, general e pai de Mauro Cid.
A estratégia de ouvir vários envolvidos ao mesmo tempo foi para evitar que eles pudessem trocar informações entre si.
Segundo os 'media' locais, Bolsonaro e os outros dois investigados decidiram permanecer em silêncio porque as suas defesas alegaram que o inquérito que tramitar no Supremo Tribunal Federal (STF) deveria ser encaminhado para um juiz da primeira instância da Justiça Federal.
As defesas baseiam-se no facto de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter defendido que o caso tramitasse na 6.ª Vara Federal de Guarulhos (SP) e não no STF.
"Assim, considerando o respeito às garantias processuais, a observância ao princípio do juiz natural, corolário imediato do devido processo legal, os peticionários optam, a partir deste momento, por não prestar depoimento ou fornecer declarações adicionais até que estejam diante de um juiz natural competente", disseram Paulo Amador Bueno e Daniel Tesser, que defendem Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, em nota enviada ao portal de notícias G1.
Segundo as investigações, Jair Bolsonaro vendeu algumas dessas joias por meio de intermediários, embora alguns dos seus colaboradores as tenham comprado de volta depois de órgãos de controlo do Estado brasileiro exigirem a devolução.
O ex-presidente está a ser investigado em vários processos civis e criminais, incluindo o golpe de 08 de janeiro, quando milhares de apoiantes invadiram a Presidência da República, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal na tentativa de derrubar o atual Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
Esta é a sexta vez que Bolsonaro é intimado a depor, desde que perdeu as eleições no final do ano passado.