O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro admitiu esta quarta-feira que pediu a um grande empresário que distribuísse notícias falsas sobre as urnas eletrónicas, facto pelo qual ele está a ser investigado e terá que prestar um depoimento à polícia.
"Eu mandei para o Meyer [Nigri], qual o problema? O [ministro do Supremo Tribunal Federal e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral Luís Roberto] Barroso tinha falado no exterior [sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara, em 2021], eu sempre fui um defensor do voto impresso", disse Bolsonaro ao jornal Folha de S.Paulo.
O empresário Meyer Nigri é apoiante de Bolsonaro e dono da Tecnisa, uma grande empresa que trabalha com empreendimentos residenciais do Brasil.
Na terça-feira, a Polícia Federal brasileira convocou Bolsonaro para depor no processo que investiga um suposto plano de golpe de Estado promovido por Nigri e outros empresários contra o atual Presidente, Lula da Silva. Segundo as autoridades daquele país, o interrogatório do ex-líder brasileiro está marcado para quinta-feira da próxima semana.
Bolsonaro terá assim de comparecer em tribunal para explicar as mensagens de cariz golpista trocadas em grupos de mensagens por empresários ligados à extrema-direita brasileira, reveladas pelo portal Metrópoles há um ano.
Nessas mensagens, vários desses empresários diziam abertamente que eram a favor de promover um golpe de Estado caso Lula da Silva vencesse as eleições, o que acabou por acontecer em outubro de 2022, quando derrotou Bolsonaro, que tentava a reeleição, nas urnas.