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Berlusconi "deixa uma marca muito importante enquanto líder populista, bem-sucedido"

Pedro Cordeiro, editor de Internacional do Expresso, traça o perfil do político italiano e magnata dos media, figura polémica com influência na direita italiana e que chegou a ter a ambição de ser Presidente da República.

SIC Notícias

Sílvio Berlusconi morreu esta segunda-feira num hospital em Milão. O antigo primeiro-ministro italiano estava há quatro dias, no Hospital San Raffaele. Berlusconi tinha 86 anos e lutava contra uma leucemia crónica. Também durante este ano, tinha estado internado 44 dias por causa de uma pneumonia. O jornalista Pedro Cordeiro traça o perfil do político italiano e magnata dos media, figura polémica com influência na direita italiana e que chegou a ter a ambição de ser Presidente da República.


"Com o crescimento de alternativas mais radicais à direita, mais demagógicas e xenófobas, como é o caso da Liga de Matteo Salvini, ou mesmo dos irmãos de Itália chefiados pela primeira-ministra Giorgia Meloni, Berlusconi acabou por se tornar o rosto de uma direita até mais convencional, o que é estranho, tratando-se de convencional, por ser um dos últimos adjetivos que lhe aplicaríamos pessoalmente. Acabou tornar-se uma figura de referência dessa direita mais convencional", explica o editor de Internacional do Expresso.


"Mesmo quando saiu de cena como primeiro-ministro, acabou por continuar a tornar-se importante para viabilizar os governos que se iam sucedendo em Itália, sempre que eles eram de grande abrangência ou governos ancorados à direita, não existiam sem o contributo de Berlusconi", sublinha Pedro Cordeiro.

Dono de uma maiores fortunas de Itália, magnata da comunicação social, entrou para a política em 1994. Qual é a marca histórica e política que deixa?

"Deixa uma marca muito importante enquanto líder populista, bem-sucedido, no sentido em que foi eleito e reeleito várias vezes e nunca perdeu de facto algo, teve sempre alguma influência, mesmo agora com a idade avançada e a doença, a sua influência nunca foi zero", considera o jornalista do Expresso.

Na opinião de Pedro Cordeiro, Sílvio Berlusconi "foi o líder mais incontestado da direita convencional, uma direita que apesar de tudo não era radical".

Era um líder político "que convivia com com as direitas tradicionais europeias. Mesmo que lhes desagradasse, os dirigentes europeus tiveram sempre de contar com Berlusconi, mesmo depois de o terem pressionado a demitir-se em 2011".

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