Numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo Yoon Suk-yeol na Casa Branca, Joe Biden proclamou o "férreo compromisso" dos Estados Unidos com a defesa da Coreia do Sul e precisou que esse compromisso inclui a proteção do seu parceiro contra qualquer ameaça, incluindo um eventual ataque norte-coreano.
"Isto é especialmente importante perante as crescentes ameaças da Coreia do Norte", afirmou Biden.
Por seu lado, Yoon anunciou o reforço da estratégia de "contenção alargada", um compromisso assumido por Washington no ano passado e que consiste no envio de meios estratégicos norte-americanos para a península coreana, como bombardeiros e porta-aviões, para responder às ações do regime de Pyongyang.
"Decidimos reforçar significativamente a contenção alargada dos nossos dois países perante as ameaças nucleares e de mísseis da Coreia do Norte, para que possamos alcançar a paz através da superioridade esmagadora das nossas Forças Armadas, e não conformar-nos com uma paz falsa, assente na boa-fé da outra parte", declarou Yoon, que adotou uma postura mais dura em relação a Pyongyang que o seu antecessor, Moon Jae-in.
Um dos pontos mais importantes do acordo, conhecido como Declaração de Washington, é a visita de um submarino nuclear norte-americano à Coreia do Sul.
Durante a Guerra Fria, nos anos 1970, submarinos nucleares dos Estados Unidos visitavam com frequência os portos sul-coreanos, até duas ou três vezes por mês, e havia ogivas nucleares na península, mas Washington retirou-as em 1991 e deixou de enviar submarinos nucleares, segundo a organização de investigação sobre segurança sem fins lucrativos Federação de Cientistas Norte-Americanos (FAS, no acrónimo em língua inglesa).
O texto inclui a criação de um mecanismo de consulta bilateral que fará com que Seul possa participar ativamente nos planos dos Estados Unidos para retaliar a qualquer incidente nuclear na região, incluindo um hipotético ataque norte-coreano.
O acordo pretende tranquilizar Seul perante o avanço do programa nuclear da Coreia do Norte, que realizou um número recorde de testes de armamento nos últimos dois anos, depois da turbulenta Presidência do magnata nova-iorquino Donald Trump (2017-2021), que ameaçou retirar as tropas norte-americanas da Coreia do Sul.
O número de sul-coreanos que defendem que Seul deve ter as suas próprias armas nucleares aumentou e, segundo as sondagens, quase dois terços são a favor dessa política.
No entanto, no acordo assinado esta quarta-feira, a Coreia do Sul reitera o seu compromisso com o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NPT), que o país ratificou em 1975 e que fez com que pusesse fim ao seu próprio programa de desenvolvimento de armas atómicas.
Além da Coreia do Norte, os dois chefes de Estado falaram também sobre a guerra na Ucrânia, com Biden a destacar que Washington e Seul "partilham o compromisso" de ajudar Kiev a defender a sua democracia da agressão russa em curso há 14 meses.