Depois de quatro dias de confrontos, o exército e as forças paramilitares do Sudão chegaram a acordo para um cessar-fogo de 24 horas.
“Não queremos expandir as nossas operações. Estamos preocupados com o facto de os nossos cidadãos serem feridos ou de haver vítimas civis devido a este conflito”, confessou o General Nabil Abdullah.
Os soldados das Forças de Apoio Rápido (RSF) contestam as reivindicações da Junta Militar e divulgaram um vídeo alegadamente gravado no interior do aeroporto internacional de Cartum, a capital do país.
Cartum é, agora, uma cidade-fantasma, não tem energia elétrica e está praticamente sem água e sem comida.
A situação humanitária agravou-se com a suspensão dos programas de ajuda alimentar a 15 milhões de sudaneses. O espetro da fome ameaça um terço da população de um dos países mais pobres do continente africano. Sudaneses e organizações internacionais esperam, agora, que seja respeitado o cessar-fogo de 24 horas.
Na origem do atual conflito está a rivalidade entre os dois generais mais poderosos do Sudão: Mohamed Hamdane Daglo e Abdel Fattah al-Burhan.
O primeiro é conhecido como Hemedit, um general beduíno que recusa ceder o controlo sobre os 100 mil homens das RSF, uma unidade acusada de crimes de guerra na revolta do Darfur.
O general Abdel Fattah al-Burhan é o homem forte da Junta Militar que governa o Sudão desde a queda do ditador Omar al-Bashir. Ainda não cumpriu a transição civil e a democratização prometidas aos sudaneses depois de trinta anos de ditadura.