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Protestos em França: porque é que a violência é comum nas manifestações?

Entre vários manifestantes pacíficos, muitas vezes existem grupos violentos infiltrados que escalam as tensões entre os civis e os polícias. Entre coletes amarelos e grupos de jovens de extrema esquerda, os fogos, destruição e confusão fazem parte dos protestos franceses.

SIC Notícias

As manifestações em França assumem um lado violento que não é frequente ver noutras cidades europeias e a explicação pode estar na existência de grupos radicais mais ativos e na forma como as autoridades respondem.

Greves, marchas até bloqueios são formas das populações mostrarem que estão contra determinadas decisões ou políticas e deixar claro que há descontentamento.

França não é exceção, mas a forma como a luta se faz nas ruas é diferente, porque assume um elevado nível de violência. Não é raro ver imagens de focos de incêndio, equipamento urbano destruído, montras partidas e pilhadas vários tipos de vandalismo.

As imagens, em paris, ou em Bordéus, têm sido notícia pela revolta contra a reforma do sistema de pensões, mas repetem-se em várias zonas de França e pelos mais diversos motivos.

Como aconteceu no fim de semana, num protesto contra a construção de um reservatório de água para a agricultura, numa localidade do oeste do país, porque os manifestantes dizem que a obra vai favorecer grandes grupos económicos.

Houve veículos da polícia incendiados e confrontos, onde não faltou gás lacrimogéneo e granadas.

Se quisermos recuar um pouco mais no tempo, há também imagens de montras partidas, lojas saqueadas, arremesso de pedras, garrafas e projéteis, quando o chamado movimento dos coletes amarelos se fez ouvir.

Esse movimento começou em 2018 contra a subida de impostos nos combustíveis e para denunciar as crescentes injustiças sociais e fiscais no país.

Mesmo quando a maior parte dos manifestantes é pacífica, há, no entanto, grupos, sobretudo de jovens, que entendem que é preciso mais para fazer passar a mensagem.

Há também grupos mais radicais ligados à extrema-esquerda que têm como objetivo provocar e semear o caos e depois há a forma como as autoridades
respondem a tudo isto: com carga policial sobre os manifestantes, canhões de água, gás lacrimogéneo e detenções.

Ainda na semana passada, a comissária para os Direitos Humanos do Conselho da Europa chamou a atenção para o uso excessivo da força e fez um apelo para que o país respeite o direito à manifestação.

A proporcionalidade das medidas adotadas pelas autoridades francesas tem vindo a ser posta em causa ao mesmo tempo que a tensão mantém-se, o descontentamento, também assim como o braço de ferro com o Governo do Presidente Emmanuel Macron.


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