A capital francesa está, esta sexta-feira, a ser palco de novos confrontos violentos entre manifestantes e a polícia. A polícia já avançou para uma carga policial. Há também registo de detenções. França está a viver uma revolta social devido ao aumento da idade da reforma. Desde quarta-feira que milhares de trabalhadores estão em protesto.
As imagens que nos chegam das agências de notícias mostram momentos de tensão entre manifestantes e a polícia na Praça da Concórdia, junto à Assembleia Nacional, em Paris.
Cerca de 2.500 pessoas concentravam-se no local por volta das 19:30, que fica no “coração de Paris”, de acordo com o correspondente da SIC em Paris, Guilherme Monteiro.
Há carros e caixotes do lixo incendiados.
Houve já uma carga policial.
Nas redes sociais, há imagens, como as de Victor Tassel, jornalista do jornal francês Le Parisien, de manifestantes mais radicais a tentarem destruir um local em obras, retirando os andaimes.
Antes da carga policial, as autoridades já tinham sido obrigadas a responder com gás lacrimógeneo e canhões de água para controlar os atos de vandalismo.
Esta sexta-feira, às 07:00, hora local, 06:00 em Lisboa, já centenas de pessoas com faixas e emblemas da Confederação Geral do Trabalho (CGT) ocupavam a via de circunvalação de Paris junto à Porta de Glignancourt, causando congestionamentos.
A intersindical que luta contra a reforma do sistema de pensões em França já convocou "reuniões" para este fim de semana e um nono dia de greve e manifestações para 23 de março.
A greve geral em França decorre há mais de uma semana.
Reforma das pensões aprovada pelo Senado francês
O Senado francês, com maioria de direita, adotou um texto de compromisso sobre a reforma das pensões em França, que ratifica o aumento da idade da reforma para 64 anos, na quinta-feira.
O texto foi aprovado por 193 votos contra 114, no final de uma sessão de 75 minutos, segundo a agência francesa AFP.
Governo francês alvo de duas moções de censura
O Governo francês foi alvo, esta quinta-feira, de duas moções de censura em resposta à aprovação da reforma do sistema de pensões sem o voto parlamentar.
Uma das moções foi entregue na Assembleia Nacional pelo grupo independente francês LIOT e conta com a assinatura de 91 deputados, incluindo membros radicais de esquerda (NUPES).
Também os deputados da União Nacional (RN) de Marine Le Pen (extrema-direita) entregaram, esta quinta-feira, uma segunda moção de censura ao Governo francês.
Protestos na quinta-feira
Já na quinta-feira, foram detidas quase 300 pessoas e registou-se alguns feridos, consequência dos confrontos com as autoridades.
Os protestos ocorreram também em outras cidades do país, incluindo Marselha, Nantes, Rennes e Lyon.
Alguns manifestantes tentaram atacar edifícios públicos e escritórios de representação de políticos do bloco que apoia o Presidente Emmanuel Macron.
Caixotes de lixo também foram incendiados nas ruas próximas à Assembleia Nacional, na capital, informou a polícia.
Em entrevista à rádio RTL, ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, disse que pelo menos 310 pessoas foram detidas na quinta-feira à noite nas manifestações espontâneas contra a reforma do sistema de pensões, incluindo 258 em Paris.
Em causa está a aprovação do aumento da idade da reforma de 62 para 64 anos. Uma aprovação que aconteceu por decreto, sem consulta do Parlamento, por temer que oposição rejeitasse a medida.