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Homens, brancos e com mais de 65 anos: o perfil de quem vai escolher o novo primeiro-ministro britânico

Os militantes do Partido Conservador vão escolher o sucessor de Boris Johnson. Oposição diz que não existe representatividade do eleitorado britânico.

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SIC Notícias

A demissão de Boris Johnson não vai levar o Reino Unido a eleições. O sufrágio para a escolha do próximo primeiro-ministro - entre Rishi Shunak e Liz Truss - será realizado dentro do Partido Conservador. Com cerca de 160 mil de militantes, os Tories representam apenas 0,3% do eleitorado britânico.

Segundo o gabinete de comunicação do Partido Conservado, “existiam 160 mil membros elegíveis durante a anterior eleição para a liderança”. “Desta vez haverá mais”, garantem. Mas será que a composição dos militantes dos Tories é representativa do eleitorado britânico? A oposição afirma que não.

Segundo um estudo desenvolvido por Tim Bale, professor na Universidade Queen Mary, citado pela BBC, o partido dos Tories “não é assim tão diversificado etnicamente; concentram-se fortemente no sul de Inglaterra; são significativamente mais homens que mulheres; são geralmente numa situação [económica] melhor; e, apesar de não serem tão idosos como se pensa (em média estão na casa dos 50 anos, apesar de um em cada quatro ter mais de 65 anos), são relativamente velhos”.

Vamos analisar os números do estudo, realizado em janeiro de 2020:

A maioria dos militantes é do género masculino, tem mais de 65 anos, é de etnia branca, vive em Londres ou no sudeste de Inglaterra e pertence à classe socioeconómica média alta. Existem 63% homens e 37% de mulheres no partido Conservador.

Quanto a idade, as faixas etárias com mais militantes são os com mais de 65 anos e os que têm entre os 25 e os 49 anos, com 39% e 36%, respetivamente. Os jovens entre os 18 e os 24 representam 6% dos militantes e os entre 50 e 64 anos correspondem a 19%.

Mais de metade dos militantes vive em Londres e no sudeste de Inglaterra, sendo que 20% vivem no norte do país, 18% no centro e no País de Gales e apenas 6% na Escócia. Este fator está também associado à distribuição socioeconómica: 80% pertencem às classes alta e média alta (A, B e C1, segundo a definição do National Readership Survey).

A posição favorável à saída do Reino Unido da União Europeia é também uma maioria entre os Tories. 76% concorda com o Brexit, enquanto apenas 24% defende que o país devia ter permanecido na União Europeia.

Os Tories não têm por prática divulgar dados sobre a composição do partido e entre 2020 e 2022 muito pode ter mudado – seja devido à pandemia, devido aos escândalos associados a Boris Johnson ou outros fatores. Em março de 2021, Amanda Milling, na altura líder do partido, disse, numa entrevista ao Daily Telegraph, que o número de militantes tinha ultrapassado os 200 mil.

Para ser considerado militante elegível é preciso ser um membro pagante do partido há pelo menos três meses. Segundo a BBC, o custo de pertencer ao Partido Conservador é 25 libras por ano (cerca de 29 euros).

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