A NASA lançou esta madrugada a sonda DART que vai tentar desviar um asteróide da órbita da Terra. Embatendo a uma velocidade de 24.000 quilómetros por hora contra o asteroide, a NASA espera assim conseguir modificar a trajetória e assim ajudar a protejer a humanidade de uma colisão. A agência espacial europeia tem uma colaboração neste projeto.
Este teste "será histórico", disse Tom Statler, um cientista da agência espacial norte-americana que participa da Missão de Teste de Redirecionamento de Asteroide Binário (DART), numa conferência de imprensa.
"Pela primeira vez, a humanidade mudará o movimento de um corpo celeste natural no espaço", indicou.
Este é apenas um ensaio geral, o asteroide alvo não representa uma ameaça para a Terra, mas a missão está a ser levada muito a sério pela NASA.
Atualmente, agência espacial norte-americana tem listados mais de 27.500 asteroides de vários tamanhos próximos da Terra e "nenhum deles representa uma ameaça nos próximos 100 anos", assegurou o diretor da divisão científica da NASA, Thomas Zurbuchen.
Os especialistas estimam que apenas 40% dos asteróides têm 140 metros de diâmetro ou mais.
A missão, batizada da DART (dardo, em tradução simples), deslocará da base de Vandenberg, na Califórnia, a bordo do foguete da Falcon 9 da SpaceX, às 22:21 de hoje (06:21 de quarta-feira, em Lisboa).
A nave é mais pequena que um automóvel e tem dois longos painéis solares. Deve atingir no próximo outono, em cerca de 10 meses, um asteróide do tamanho de um campo de futebol (cerca de 160 metros de diâmetro), que estará localizado a 11 milhões de quilómetros da Terra.
O asteróide é chamado Dimorfos e é uma lua, que orbita uma asteróide maior, chamado Didymos (780 metros de diâmetros).
Para dar a volta ao maior asteróide, Dimorphos leva 11 horas e 55 minutos. Os cientistas esperam reduzir a órbita em cerca de 10 minutos.
"É uma mudança muito pequena, mas pode ser tudo o que precisamos para desviar um asteróide da colisão com a Terra [...]", adiantou Tom Statler.
Os resultados vão ser utilizados em cálculos para ajudar a determinar, no futuro, quanto peso deve ser projetado contra um determinado tipo de asteróide para provocar um desvio.
O asteróide não vai aparecer nas imagens transmitidas pela sonda, ficando apenas disponível dois minutos antes da colisão.
As imagens ficarão disponíveis a partir de um satélite desenvolvido pela Agência Espacial Italiana, que será lançado 10 dias antes do impacto e usará o seu sistema de propulsão para desviar ligeiramente o seu próprio caminho.
Três minutos após a colisão, o satélite irá sobrevoar Dimorphos, para observar o efeito da colisão e, talvez, a cratera na superfície.
A órbita do asteróide Didymos em torno do Sol também poderá ser ligeiramente alterada, devido à relação gravitacional com a sua lua, ficando de fora de um caminho potencialmente para a Terra.
O custo total da missão -- a primeira interplanetária lançada pela empresa de Elon Musk para a NASA -- é de 330 milhões de dólares (cerca de 293 de milhões de euros).
Missão HERA: o programa de defesa planetária da ESA
A missão espacial Hera, a primeira dedicada à defesa planetária na Europa, com lançamento previsto para 2024 levará uma sonda europeia a viajar até Didymos, sistema de dois asteroides próximo da Terra, onde deverá chegar no final de 2026.
Em colaboração com a NASA, Hera vai fazer o estudo detalhado sobre o pós-impacto da sonda norte-americana DART em Dimorphos, uma lua na órbita de um dos asteroides. Nessa altura, Dimorphos será o primeiro objeto no Sistema Solar a ter sua órbita deslocada pelo esforço humano de forma mensurável.
Equipas portuguesas colaboram na missão da NASA e ESA contra asteroide
A missão hoje lançada pela NASA contra um asteroide é realizada em colaboração com a Agência Espacial Europeia, que ficará encarregue de acompanhar os efeitos provocados pelo impacto da nave espacial no asteroide a partir de 2026.
João Branco, responsável pelo segmento espacial GMV, explicou a missão em entrevista à SIC Notícias.