Tiros de metralhadora e explosões foram sentidos no centro de Cartum onde se encontram desde abril concentrados os manifestantes que exigem a transição do poder militar. De acordo com os organizadores do protesto que teve início dia 6 de abril, a operação das forças de segurança que tentou desmontar o acampamento fez pelo menos cinco mortos de acordo com as organizações que apoiam a concentração.
O Conselho Central dos Médicos do Sudão disse que cinco pessoas morreram depois de a Junta Militar, no poder, ter tentado dispersar os manifestantes que exigem a transferência de poder para uma entidade civil.
A mesma organização tinha dito anteriormente que a ação tinha feito dois mortos.
A Junta Militar mantém o poder desde o afastamento do presidente Omar al-Bashir, no início do passado mês de abril, mas os manifestantes exigem que os militares abandonem o poder possibilitando a instauração de civis na governação do país.
Dura Gambo, um ativista entrevistado pela Associated Press, disse que hoje um "grande número de tropas" cercaram o acampamento que se encontra instalado frente ao principal quartel de Cartum tendo feito várias detenções.
Amal al-Zein, um outro manifestante, disse que as forças de segurança incendiaram várias tendas e que estão a cercar o acampamento o que levou os organizadores do protesto a apelar à população de Cartum a concentrar-se no local.
"Os manifestantes mantêm-se frente ao quartel-general e enfrentam um massacre e a tentativa de desmantelamento da nossa concentração", disse um representante da Associação dos Profissionais Sudaneses (SPA) que aderiu aos protestos que levaram ao afastamento do presidente al-Bashir.
A SPA apelou ainda à "desobediência civil" no Sudão.
Hoje, o grupo Forças para a Proclamação da Liberdade e Mudança, a organização que representa os manifestantes nas negociações de transição com os generais que comandam o Exército, apelou à população da cidade a participar ativamente nas manifestações.
Os repórteres da Associated Press indicam que vários autocarros estão a transportar militares para o centro da cidade onde estão a ser montadas barreiras nas principais ruas de acesso ao quartel-general.
Entretanto, a embaixada dos Estados Unidos em Cartum condenou a ação dos militares contra os manifestantes.
"Esta operação das forças de segurança do Sudão não se justifica e deve terminar", refere a embaixada de Washington na capital sudanesa através de um texto que foi publicado na rede social Twitter.
A mesma nota responsabiliza o Concelho Militar no poder desde o afastamento do chefe de Estado.
Lusa