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Caso raro de gémeos semi-idênticos identificado na Austrália

Um rapaz e uma rapariga que não são nem gémeos idênticos nem falsos gémeos.

Catarina Solano de Almeida

Pela primeira vez foram identificados gémeos semi-idênticos durante uma gravidez, o segundo caso conhecido no mundo.

As crianças, hoje com quatro anos, são um rapaz e uma rapariga de Queensland, na Austrália. Em comum têm 100% do ADN da mãe mas apenas 78% do ADN do pai.

Não são nem gémeos idênticos (monozigóticos) nem não-idênticos (dizigóticos). São sesquizigóticos.

  • Idênticos ou monozigóticos - um único óvulo fertilizado que se dividiu em dois, nascem dois meninos idênticos ou duas meninas idênticas - partilham 100% do ADN.
  • Não-idênticos ou dizigóticos - dois óvulos fertilizados por dois espermatozóides - os gémeos partilham 50% do ADN.
  • Semi-idênticos ou sesquizigóticos - um óvulo fertilizado por dois espermatozóides - partilham entre 50% a 100% do ADN.

São extremamente raros estes casos. O primeiro caso registado foi em 2007 nos Estados Unidos, após o nascimento dos gémeos, e agora este segundo caso na Austrália, identificado ainda durante a gravidez.

Os pormenores desde segundo caso foram publicados no New England Journal of Medicine , pela equipa da Universidade de New South Wales e da Universidade de Tecnologia de Queensland.

Como é que aconteceu e como foi descoberto

Numa ecografia às seis semanas de gravidez, foi dito a uma australiana de 28 anos que os gémeos eram idênticos e partilhavam a mesma placenta. Mas às 14 semanas de gravidez, uma outra ecografia revelou que eram uma rapariga e um rapaz - logo não podiam ser gémeos idênticos.

Os médicos decidiram por isso iniciar testes genéticos, retirando amostras do líquido amniótico.

Estes gémeos foram formados a partir de um óvulo e dois espermatozóides - algo que não devia acontecer porque, uma vez que um espermatozóide entra, o óvulo não deixa entrar mais nenhum.

"Mesmo que um segundo espermatozóide fertilize o óvulo, um embrião com três conjuntos de cromossomas - em vez de dois - não sobrevive como feto", explicou à CNN um dos médicos envolvidos na investigação, Nicholas Fisk.

Mas neste caso, quando o óvulo foi fertilizado por dois espermatozóides, dividiu os três conjuntos de cromossomas por dois conjuntos de células - cada um dos gémeos.

"Algumas das células contêm cromossomas do primeiro espermatozóide, outras contêm cromossomas do segundo espermatozóide, portanto os gémeos têm proporções diferentes do ADN do pai", explica o geneticista Michael Gabbett.

Os gémeos australianos partilham 100% do ADN da mãe e 78% do ADN do pai.

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