O Papa encerra hoje a cimeira sobre abusos sexuais de menores por membros do clero, que reúne no Vaticano desde quarta-feira 190 representantes da hierarquia da Igreja e vítimas.
Na abertura do encontro sobre a “Proteção dos menores na Igreja”, Francisco pediu “medidas concretas e efetivas” para erradicar os abusos sexuais, porque não basta condenar esses crimes.
"O povo de Deus está a ver-nos e espera que nós, não só condenemos, mas que tomemos medidas concretas e efetivas”, afirmou o Papa perante 190 representantes da hierarquia religiosa, incluindo 114 presidentes ou vice-presidentes de conferências episcopais de todo o mundo, reunidos numa cimeira sem precedentes.
A criação de protocolos a seguir depois de um relato de abusos e a necessidade de uma avaliação psicológica dos candidatos ao sacerdócio são algumas das 21 propostas apresentadas pelas conferências episcopais e colocadas em debate pelo Papa desde o primeiro dia do encontro.
Entre os 21 pontos, que segundo o Papa são "um simples ponto de partida", está a necessidade de formar todos os membros da Igreja sobre "como reconhecer os sinais de abuso e como denunciar suspeitas de abuso sexual".
No documento é ainda defendido que as autoridades civis e eclesiásticas superiores sejam informadas de acordo com as normas civis e canónicas e que se estabeleçam protocolos específicos para a gestão das acusações contra bispos assim como cursos de formação permanente para "bispos, superiores religiosos, clero e agentes pastorais”.
Uma das propostas é garantir "a proporcionalidade da punição com o crime cometido", significando que "os padres e bispos culpados de abuso sexual de menores devem ser expulsos dos seus cargos".
O cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, representou a Conferência Episcopal Portuguesa, que sustentou a 12 de fevereiro que os casos de abusos sexuais por parte de clérigos são reduzidos em Portugal.
Numa das intervenções de líderes religiosos que têm marcado a cimeira, o arcebispo de Boston e presidente da Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores, criada pelo Papa, disse que “não há nada mais urgente para a Igreja do que debater os abusos e os crimes cometidos contra crianças”.
O cardeal Sean O’Malley afirmou estar muito satisfeito com o facto de esta primeira abordagem do assunto se ter centrado no encontro com as vítimas e por a Igreja ter assumido a importância da gravidade da situação.
Lusa