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O que se passa com a Huawei?

A gigante chinesa Huawei tem estado no centro das atenções mundiais na sequência de vários alertas sobre possíveis violações de segurança nacional.

No sábado, a diretora financeira da marca foi detida no Canadá, a pedido dos Estados Unidos, por alegadamente ter violado sanções impostas pelas autoridades norte-americanas contra o Irão. Ao mesmo tempo, foi lançado um alerta sobre a possibilidade de os dispositivos da multinacional chinesa infringirem padrões de segurança e privacidade.

A questão foi inicialmente levantada pelo exército dos Estados Unidos, que proibiu os funcionários das bases militares de comprar telemóveis da Huawei e ZTE devido aos “riscos de segurança inaceitáveis”.

"Os dispositivos da Huawei e ZTE podem representar um risco inaceitável para o pessoal, informações e missões militares", disse na altura Dave Eastburn, porta-voz do Pentágono.

Países barram Huawei

Depois de em maio deste ano ter obtido um certificado para vender produtos 5G na Europa, a Huawei vê agora uma série de países barrar o acesso à rede.

Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido decidiram bloquear a participação da chinesa. A operadora britânica BT anunciou que vai desfazer-se dos equipamentos da empresa para desenvolver a internet de quinta geração bem como os já em uso nas redes 3G e 4G. O Canadá está a investigar.

O Governo australiano veio dizer que o envolvimento de uma empresa "provavelmente sujeita a instruções extrajudiciais de um Governo estrangeiro" representava um risco excessivo. Acusações negadas pela empresa, que diz que nunca entregaria dados de clientes australianos a agências de informação chinesas.

Os maiores críticos receiam que o Governo chinês ordene a modificação dos equipamentos para potenciar ataques, aceder a conversas e a informações sensíveis.

Em Portugal, os primeiros leilões de espetro para uma rede comercial de 5G são esperados só daqui a dois anos, mas a Altice e a Huawei estão ainda assim a posicionar-se já para liderarem na quinta geração de comunicações no país, com um acordo assinado que reforça a cooperação que tem por base os equipamentos da fabricante chinesa.

A multinacional chinesa tem vindo a negar as acusações de que os seus equipamentos comprometem a segurança e privacidade dos utilizadores, garantindo mesmo que estes respeitam os mais altos padrões nos países onde operam, explicou o porta-voz Charles Zinkowski.

"Continuamos comprometidos com a abertura e transparência em tudo o que fazemos e queremos deixar claro que nenhum Governo nos pediu para comprometer a segurança ou a integridade de nossas redes ou dispositivos", disse, em maio, em comunicado.

A segunda maior fabricante de smartphones do mundo

Com sede em Shenzhen, centro da indústria tecnológica chinesa, a marca começou em 2009 a investigar o uso de redes 5G em todo o mundo e, só em 2017, investiu quatro mil milhões de yuan (515 milhões de euros) no setor.

A Huawei tem escritórios em Lisboa, onde conta também com um centro de inovação e experimentação. Segundo a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), a firma chinesa investiu 40 milhões de euros em Portugal, desde 2004.

Porque foi detida Meng Wanzhou?

Apesar de ainda não ter sido revelada a razão pela qual a diretora financeira da multinacional chinesa foi detida, estará em causa a violação das sanções norte-americanas impostas ao Irão.

Apesar de ser uma companhia chinesa, a Huawei terá encomendado peças dos Estados Unidos para incluir em produtos vendidos ao Irão.

A China já pediu, entretanto, explicações aos Estados Unidos e ao Canadá.

Com Lusa

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