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Arábia Saudita contesta inclusão em lista negra da ONU pela morte de crianças no Iémen

A Arábia Saudita, que lidera a coligação árabe em guerra no Iémen e incluída quarta-feira numa lista negra da ONU pela morte de crianças, rejeitou esta sexta-feira "as informações e números errados e enganadores contidos no relatório" que inclui essa lista.

Fahad Shadeed

"Exprimimos fortes reservas sobre essas informações", acrescentou em conferência de imprensa o embaixador saudita na ONU, Abdallah al-Mouallimi. "Temos a máxima atenção possível para evitar ferir os civis" nesta guerra, assegurou.

Na quarta-feira, a coligação militar liderada pelos sauditas que intervém no Iémen foi colocada numa lista negra da ONU pela morte e ferimentos graves em cerca de 700 crianças e ataques da escolas e hospitais em 2016.

A inclusão na lista negra desta coligação apoiada pelos Estados Unidos era aguardada com alguma expectativa, pelo facto de em 2016 ter sido incluída nesta lista, mas de seguida retirada pelo então secretário-geral Ban Ki-moon, após intensa pressão da Arábia Saudita.

Pela primeira vez, a nova lista foi dividida em duas partes pelo atual secretário-geral da ONU, António Guterres.

Uma das listas identifica os que recrutam, utilizam, matam, ferem, raptam ou abusam sexualmente de crianças num conflito armado, ou atacam escolas e hospitais e não promoveram qualquer ação para melhorar a proteção das crianças.

A segunda, que inclui a coligação liderada pela Arábia Saudita, identifica as partes que "puseram em prática medidas durante o referido período para melhorar a proteção das crianças".

"No Iémen, as ações da coligação conduziram objetivamente à morte e ferimentos em muitas crianças, com 683 baixas em crianças atribuídas a esta parte [no conflito], e como resultado de ser responsável por 38 incidentes verificáveis, por ataques a escolas e hospitais durante 2016", referiu António Guterres ao justificar a inclusão da Arábia Saudita na lista.

Em junho de 2016 Ban Ki-moon anunciou que retirava temporariamente a coligação da lista negra, em particular porque os seus apoiantes ameaçavam suspender os fundos para diversos programas da ONU. Na ocasião, Ban referiu ao Conselho de Segurança que se revia no relatório que implicara a inclusão na lista, ao acusar a coligação de ter morto ou ferido cerca de 1.200 crianças em 2015.

A situação no Iémen registou um súbito agravamento em março de 2015 na sequência da intervenção da coligação árabe liderada pela Arábia Saudita, em apoio ao Presidente Abd Rabbo Mansour Hadi e com o objetivo de contrariar o avanço dos combatentes Huthi.

Aliados do ex-Presidente Ali Abdallah Saleh, os Huthi assumiram o controlo de vastas regiões do país, incluindo a capital Sanaa.

A ONU tem sugerido sistematicamente uma trégua para permitir a distribuição de ajuda humanitária, mas as mediações da organização, e pelo menos sete declarações de cessar-fogo não tiveram sucesso até ao momento.

Lusa

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