O coordenador residente da ONU no Bangladesh, Robert Watkins, disse à EFE que já chegou a um acordo com o governo para atualizar o pedido feito à comunidade internacional, há duas semanas, de 77 milhões de dólares.
"Acabámos de acertar com o governo o número, e em vez de 300 mil pessoas identificámos uma população de 1,2 milhões", afirmou Watkins.
O cálculo do novo número resulta da chegada ao país de 420 mil rohingyas desde o dia 25 de agosto, a juntar aos 300 mil refugiados que já estavam na zona anteriormente e mais "200 mil ou 300 mil" que poderão chegar nas próximas semanas, bem como de cerca de 300 mil locais afetados no Bangladesh.
Segundo dados da ONU desta quarta-feira, dos refugiados que chegaram ao país desde o dia 25 de agosto cerca de 203 mil vivem em acampamentos "espontâneos" enquanto cerca de 185 mil estão em campos pré-existentes.
Outros 34 mil rohingyas estão em comunidades de acolhimento.
O coordenador sublinhou que apesar da resposta dos campos de refugiados estar "melhor" desde que as agências da ONU aumentaram a sua operação no terreno, há ainda "muita coisa a fazer".
"Tem que haver muito mais ajuda, tem que chegar muito mais gente para cumprir com as necessidades da população", acrescentou Watkins.
O responsável indicou que há uma preocupação com a saúde nos campos de refugiados face ao agravamento das condições climatéricas e também devido ao facto das pessoas estarem a fazer as suas necessidades básicas onde podem e a recolher água de poças.
A violência e discriminação contra os rohingyas intensificaram-se nos últimos anos: tratados como estrangeiros na Birmânia, um país mais de 90% budista, os rohingyas são a maior comunidade apátrida do mundo.
Desde que a nacionalidade birmanesa lhes foi retirada em 1982, têm sido submetidos a muitas restrições: não podem viajar ou casar sem autorização, não têm acesso ao mercado de trabalho, nem aos serviços públicos (escolas e hospitais).
A ex-dissidente birmanesa e prémio Nobel da Paz que agora governa o país tem sido alvo de críticas da comunidade internacional devido à sua posição ambígua sobre esta questão.
Lusa