A nova reestruturação da RTHK, que desde a primeira hora da madrugada de segunda-feira perdeu os seus seis canais digitais depois de o Governo ter decidido cancelar as emissões por alegada baixa audiência, representa uma redução do Serviço Mundial da BBC, emitido na cidade desde 1978.
Desde segunda-feira que a rádio pública britânica perdeu 12 horas de emissão em direto em Hong Kong, passando a ocupar um horário noturno numa frequência FM da RTHK, enquanto que no horário diurno passarão a emitir-se conteúdos em mandarim, da responsabilidade da rádio estatal chinesa.
A redução do serviço da BBC, que oferece notícias e análises informativas de difusão mundial, suscitou preocupação e críticas da população. A decisão é vista como mais um passo na direção da restrição da liberdade de imprensa em Hong Kong e como uma evidência do aumento gradual da presença dos media estatais na ex-colónia britânica, onde o idioma maioritário, o cantonês, está a ser substituído gradualmente pelo mandarim, língua oficial da China.
"Não estamos contra o serviço da rádio estatal chinesa, simplesmente não queremos que a RTHK faça essa difusão às custas da programação da BBC, em que muitas das pessoas de Hong Kong confiam para obterem notícias do estrangeiro", afirma a campanha iniciada por Alex Hofford, um ativista britânico residente em Hong Kong, que conseguiu mais de mil assinaturas.
"A RTHK esforça-se por proporcionar uma grande variedade de programas para servir um amplo espectro de audiências, bem como atender às necessidades dos grupos minoritários", disse o responsável da comunicação da RTHK, Amen Ng Man-yee, em resposta à campanha de Hofford.
A penetração do mandarim e a influência do Governo de Pequim no dia a dia de Hong Kong são algumas das maiores fontes de mal-estar na cidade, que alcançou o seu ponto máximo nos finais de 2014, com a "Revolução dos Guarda-Chuva" que levaram milhares de pessoas às ruas para protestar contra a interferência da China na governação da cidade.
O Governo de Hong Kong estabeleceu a rádio digital em 2009, mas em março de 2017 fixou um prazo de seis meses para encerrar as emissões radiofónicas digitais perante a falta de ouvintes, uma decisão que agora entrou em vigor.
Lusa