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Protesto da oposição contra a censura junta 2.000 pessoas em Caracas

Cerca de 2.000 pessoas manifestaram-se, na sexta-feira, em Caracas para denunciar a "censura" exercida pelo Governo junto dos 'media', inserido na vaga de protestos que atinge a Venezuela desde o início de abril.

Ivan Alvarado

A marcha, liderada por estudantes e responsáveis universitários, concentrou-se na sede da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), no leste da capital, onde uma delegação entregou um documento expondo as suas reivindicações às autoridades.

"Eles pararam a difusão de certos meios de comunicação social porque não reproduzem a opinião do Governo. Nós vimos pedir o fim da perseguição contra os jornalistas", disse Santiago Acosta, estudante e membro do conselho universitário da Universidade católica Andrés Bello (UCAB), à agência noticiosa francesa AFP.

O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que enfrente há mais de dois meses uma vaga de protestos exigindo a sua demissão, acusa alguns 'media' de lançar uma campanha contra ele para o derrubar. "O que é a liberdade? É divulgar apenas aquilo que Nicolás Maduro veicula? Não, senhor! Nós exigimos que assuma as suas responsabilidades", disse, por seu turno, Daniel Ascanio, estudante da Universidade Simon Bolivar, a um representante da Conatel, de acordo com um vídeo transmitido através da Internet.

A organização não-governamental Espacio Publico condena a "política de censura" do governo contra os 'medias' críticos, enquanto o Sindicato Nacional de Jornalistas (SNTP) denunciou mais de 200 agressões contra profissionais da comunicação social durante os protestos.Na marcha de sexta-feira, muitos continuaram a pedir eleições antecipadas, o 'leitmotiv' dos adversários de Maduro, os quais rejeitam também o seu projeto de reforma da Constituição, uma manobra que entendem como uma forma de se perpetuar no poder.

"O país está arruinado, com problemas como se estivesse em guerra. Nós queremos uma mudança, eleições agora e aquilo que Maduro pretende é uma Constituição feita à [Notes:sua] medida", observou à agência AFP, Rosalba Venegas, uma das participantes do protesto.Outras manifestações e bloqueios das ruas tiveram lugar em diferentes pontos do leste de Caracas, dispersas com gás lacrimogéneo pelas forças de segurança.

A oposição apelou novamente aos venezuelanos para que saiam hoje para a rua, numa altura em que os protestos ocorrem a um ritmo quase diário.

A Venezuela encontra-se mergulhada numa grave crise política que opõe o Presidente do país, Nicolás Maduro, ao parlamento, dominado pela oposição.

Os protestos intensificaram-se no princípio de abril, com a oposição a convocar manifestações para exigir a destituição de magistrados do Supremo Tribunal devido à sua decisão de assumir as funções do parlamento, dominado pela oposição, a qual foi revertida pouco tempo depois, bem como eleições antecipadas e a libertação de presos políticos e do fim da repressão.

As manifestações, das quais muitas resvalaram em violentos confrontos, agravaram-se com o anúncio, no início de maio, do arranque do processo de criação de uma Assembleia Constituinte, cuja eleição vai ter lugar no próximo dia 30 de julho.

Segundo dados divulgados recentemente pelo ministro da Comunicação e Informação da Venezuela, Ernesto Viegas, pelo menos 82 pessoas morreram desde abril.No entanto, segundo o Ministério Público, o número de vítimas mortais é de 67

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