A segurança alimentar no Iémen, um dos países mais pobres do mundo, tem vindo a deteriorar-se significativamente desde a escalada na guerra civil há dois anos, após o início da intervenção de uma coligação internacional liderada pela Arábia Saudita.
"Estamos muito preocupados com o facto de o Iémen estar à beira da fome", disse hoje Bettina Luescher, uma porta-voz do Programa Alimentar Mundial (PAM), aos jornalistas em Genebra.
"Das 22 (províncias), sete encontram-se na fase de emergência quatro, que é o nível antes da declaração de fome", adiantou.
O PAM dá apoio mensalmente a cerca de sete milhões de pessoas no Iémen, o que representa menos de metade dos 17 milhões que passam fome no país, segundo Luescher.
A responsável assinalou ainda que mesmo os que são ajudados não recebem todos os nutrientes de que precisam porque não têm acesso a rações completas.
"A falta de financiamento, o conflito em curso, as restrições ao movimento dos funcionários humanitários são os principais obstáculos à distribuição de ajuda às pessoas", disse.
O conflito no Iémen já provocou 7.400 mortos e 40.000 feridos desde que a coligação internacional conduzida pelos sauditas começou a apoiar o presidente Abd Rabbo Mansur Hadi no combate aos rebeldes xiitas Huthi, apoiados pelo Irão, em março de 2015, de acordo com dados da ONU.
A situação de fome é declarada quando mais de 20% da população de uma região tem acesso muito limitado aos alimentos básicos, uma taxa de mortalidade superior a duas pessoas em cada dez mil por dia e quando a subnutrição aguda atinge mais de 30% da população.
Lusa