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Nutella tem um ingrediente potencialmente cancerígeno

A indústria de óleo de palma está sob pressão na Europa, depois de as autoridades listarem o óleo como potencialmente cancerígeno. Contudo, esta grande indústria encontrou um aliado no setor da alimentação: o fabricante da Nutella e utilizador do óleo, a Ferrero.

© Stefano Rellandini / Reuters

Ana Rute Carvalho

A empresa italiana tomou uma posição pública em defesa do ingrediente, que outras empresas de alimentação têm estado a boicotar. A Ferrero lançou uma campanha publicitária para garantir ao público a segurança da Nutella, o produto que representa cerca de um quinto das suas vendas.

O creme de avelã e chocolate - uma das marcas mais conhecidas de Itália e um elemento bastante popular no pequeno-almoço das crianças - depende do óleo de palma para garantir a sua textura lisa e cremosa. De acordo com a Ferrero, outros substitutos - como o óleo de girassol - mudariam completamente a textura do creme. "Fazer Nutella sem óleo de palma produziria um substituto inferior para o produto real e, isso seria um passo atrás", defendeu o porta-voz da empresa Vincenzo Tapella à Reuters.

Qualquer mudança no óleo de palma também teria implicações económicas, uma vez que é o óleo vegetal mais barato, custando cerca de 758 euros a tonelada, em comparação com o óleo de girassol (cerca de 801 euros a tonelada) e o óleo de sementes (cerca de 872 euros a tonelada). Todos os anos, a empresa italiana usa cerca de 185 mil toneladas de óleo de palma. A mudança de óleos levaria a custos adicionais de 7 a 20 milhões de euros, anualmente.

© Eric Gaillard / Reuters

A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (AESA) afirmou, em maio do ano passado, que o óleo de palma produz mais contaminantes potencialmente cancerígenos do que os outros óleos vegetais quando atinge temperaturas acima dos 200 graus. No entanto, o organismo não recomendou que os consumidores parassem de o ingerir, dizendo que seria necessário um estudo mais aprofundado para avaliar o nível de risco.

Segundo a Reuters, a AESA poderá implementar medidas, como limitar o nível óleo de palma nos produtos alimentares, mas não haverá uma proibição do uso do óleo.

A preocupação em relação ao óleo de palma aumentou em Itália, depois de a maior rede de supermercados italiana parar de vender produtos que o incluam. Também a maior pastelaria de Itália eliminou o óleo e colocou o aviso "sem óleo de palma" nos seus produtos. A decisão vem na sequência da pressão feita por ativistas italianos, incluindo a principal associação de agricultura, e a revista de alimentação Il Fatto Alimentare, que exigiram que as empresas alimentares parassem de usar o óleo.

© Eric Gaillard / Reuters

As altas temperaturas são usadas para remover a cor natural do óleo e neutralizar o seu cheiro, mas a Ferrero garante que usa um processo que combina temperaturas abaixo dos 200 graus e uma pressão extremamente baixa para minimizar a contaminação.

Além da alimentação, o óleo de palma é usado também em batons, champôs, detergentes, sabonetes e biodiesel.

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