A justiça turca emitiu mandados de captura contra 42 jornalistas, algumas horas depois de ter colocado sob detenção preventiva 40 militares em Istambul, nos últimos episódios da purga desencadeada após o golpe de Estado falhado.
Num raro gesto de unidade, Recep Tayyip Erdrogan começou a reunir-se, a meio do dia, com o dirigente do Partido Republicano do Povo (CHP, centro-esquerda), Kamal Kiliçdaroglu - que tinha jurado nunca pôr os pés no palácio presidencial - e o do Partido de Ação Nacionalista (MHP, direita), Devlet Bahceli.
O líder do HDP pró-curdo, Selahattin Demirtas, regularmente apelidado pelo presidente "de terrorista" pelas alegadas ligações com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), não foi convidado.
Depois da tentativa de golpe de Estado na Turquia, mais de 13 mil pessoas estão em detenção preventiva e 5.800 estão detidos, quando Ancara lançou uma caça às bruxas contra os simpatizantes do religioso exilado nos Estados Fethullah Gullen, acusado de ter planeado o golpe, a mais grave ameaça em 13 anos de pode de Erdogan.
Cerca de 50 mil funcionários foram suspensos ou demitidos.
Entre os 42 jornalistas, cinco foram já detidos e 11 terão deixado o país, garantiu a agência noticiosa privada Dogan. A polícia efetuava buscas na estância balnear de Bodrum (oeste) Nazli Ilicak, uma das jornalistas mais destacada no mundo dos media na Turquia.
Ilicak foi demitida do diário pró-governamental Sabah, em 2013, por ter criticado ministros implicados num escândalo de corrupção.
No sábado, em entrevista à televisão France24, Erdogan advertiu: "Se os media apoiarem o golpe de Estado, quer sejam media audiovisuais ou outros, pagarão o preço".
A 19 de julho, o regulador turco dos media audiovisuais retirou a licença a numerosas cadeias de televisão e rádio, suspeitas de apoio à rede de Gulen.
A polícia deteve também 40 suspeitos da academia militar de Istambul, anunciou a agência pró-governamental Anadolu.
Trinta e um universitários, incluindo professores, encontram-se detidos preventivamente na sequência de operações nos meios alegadamente apoiantes de Gulen, em Istambul, indicou a Dogan.
Lusa