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Organizações humanitárias alertam para a proliferação de órfãos devido ao Ébola

Centenas de crianças perderam a vida devido ao vírus do Ébola e há milhares que lutam pela sobrevivência sem ninguém a cuidar delas, alertaram as organizações humanitárias.  

© Handout . / Reuters

Na Libéria, Serra Leoa e Guiné-Conacri as crianças que perdem os pais estão a ser deixadas sozinhas, ostracizadas pelas comunidades, que receiam ser contagiadas.

"Era diferente com a epidemia do HIV", disse a porta-voz da UNICEF, Sarah Crowe, referindo-se ao apoio dado pela família e amigos, que acolheram muitos órfãos.

"Eram uma rede de segurança. Mas com o medo do Ébola, esse sistema colapsou", comentou.

O vírus, que já matou mais de metade dos 7.000 infetados, contagia-se através do contacto com fluidos corporais.

A UNICEF alerta para a situação das crianças, filhas de pais que sucumbiram à doença, que agora vagueiam pelas ruas sem destino.

"Continuam a sofrer com o impacto do Ébola, perdendo membros da família e sendo alvo de estigma e rejeição pela comunidade e até de familiares que temem contrair o vírus", afirma Krista Armstrong, da ONG Save the Children.

Nos países mais afetados há crianças que sobreviveram à infeção mas perderam os pais ou foram abandonadas pelas famílias.

"O mais difícil é quando uma criança testa negativo mas a família é afetada pela doença. É suposto estarem isolados durante 21 dias mas não há instalações para isso", explica Laurence Sailly, coordenador de um centro de tratamento do Ébola dirigido pelos Médicos Sem Fronteiras.

Foi o caso de Harry, de cinco anos, que apareceu no centro com os seus pais, ambos doentes, em setembro.

Os pais foram enviados imediatamente para a "zona vermelha", que deixa apenas 40% de sobreviventes, enquanto Harry passou vários dias na "zona verde".

O pessoal do centro fez-lhe companhia por turnos, dando-lhe lápis de cor e papel para que passasse o tempo enquanto os pais travavam uma batalha perdida contra o vírus.

 

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