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Alegações finais no caso Karadzic, acusado de genocídio na Bósnia

O processo de Radovan Karadzic no Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPIJ) entra hoje na fase de alegações finais. O procurador pediu prisão perpétua para o antigo líder dos sérvios bósnios acusado de genocídio durante a guerra na Bósnia (1992-1995), incluindo o massacre de Srebrenica. 

MICHAEL KOOREN

"A prisão perpétua é a única pena apropriada", indicou o gabinete do procurador num documento hoje divulgado, três dias antes do início das alegações perante o TPIJ, com sede em Haia. 

Segundo a acusação e "sob o seu comando, os subordinados de Karadzic e os que eles colaboravam expulsaram, mataram, torturaram e maltrataram centenas de milhares de muçulmanos e croatas". 

A acusação também considera que Karadzic, o líder militar dos sérvios bósnios, Ratko Mladic, e o falecido presidente sérvio e jugoslavo Slobodan Milosevic, promoveram a limpeza étnica de diversas regiões da Bósnia após a desagregação da ex-Jugoslávia federal em 1991. 

O objetivo, segundo os mesmos responsáveis, consistia na formação de "zonas etnicamente puras" através da expulsão de muçulmanos, croatas e outros não sérvios. 

A guerra civil na Bósnia, que se prolongou por três anos e meio, provocou cerca de 100.000 mortos e perto de 2,2 milhões de refugiados e deslocados. 

Karadzic, 69 anos, deve designadamente responder pela morte no enclave de Srebrenica, em julho de 1995, de cerca de 8.000 homens e rapazes muçulmanos em idade de combater, considerado o pior massacre cometido na Europa após a Segunda Guerra Mundial. 

O ex-líder político dos sérvios da Bósnia foi ainda indiciado pela sua responsabilidade no cerco de Sarajevo, a capital da Bósnia, que se prolongou por 44 meses e terá provocado 10.000 mortos. 

Karadzic, detido em Belgrado em 2008, já se declarou inocente mas arrisca prisão perpétua. A sentença é aguardada para o final de 2015. 

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