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Partidos da oposição aplaudem retirada da polémica reforma da lei do aborto em Espanha

Os partidos da oposição em Espanha aplaudiram hoje a retirada da polémica reforma da lei do aborto, criticando o ministro da Justiça e exigindo a sua demissão, com organizações conservadoras, por seu lado, a acusar o executivo de traição.

© Andrea Comas / Reuters

Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE, reagiu através da sua conta na rede twitter, considerando que a retirada da reforma deve-se "à luta de todos" contra o diploma.

"Confirmado por Rajoy. Retira-se a lei do aborto do (ministro da Justiça Alberto Ruiz) Gallardón graças à luta de todos. A oposição cidadã está na rua", escreveu.

Já antes, a secretária de Igualdade do PSOE, Carmen Monton, exigiu hoje ao presidente Rajoy que demita o ministro da Justiça, considerando que este "ficou desautorizado" com a retirada da reforma da lei do aborto.

Monton pediu ainda ao presidente do governo que "respeite a atual lei, que não pode ser cortada aos pedaços".

Também Gaspaz Llamazares, porta-voz da Esquerda Unida (IU) saudou a retirada da lei, afirmando que "o PP e a Igreja Católica" perderam o braço de ferro com a sociedade e considerando que Gallardón "está praticamente acabado, se não material pelo menos virtualmente".

"Cada vez mais o Rajoy só acerta quando retifica", disse LLamazares.

Também Andrés Herzog (UPyD) considerou "muito positiva" a retirada da lei que considerou "retrógrada", criticando o facto de durante tanto tempo se ter gerado um debate que distrai a opinião pública dos problemas "que verdadeiramente preocupam as pessoas".

Para o deputado dos nacionalistas bascos (PNV) Joseba Agirretxea, a decisão de Rajoy é "positiva" sendo de lamentar, porém, que se deve "a cálculos eleitorais e não a uma reflexão profunda".

Demonstra, disse, que "o PP legisla atendendo aos setores mais reacionários do seu partido" e que esta reforma "nunca devia ter sido escrita porque a lei vigente conta com um consenso suficiente".

Albert Rivera (Ciutadans) considerou, por seu lado, que Rajoy teve que retirar a lei porque não tinha nem o apoio do seu partido nem de boa parte dos seus votantes.

Críticas também do lado das organizações mais conservadoras, com Gádor Joya, da plataforma Direito a Viver, a considerar que a decisão de Rajoy é "uma traição e uma bofetada" aos que não apoiam a reforma, incluindo os que saíram à rua no fim de semana.

Para José María Gil Tamayo, secretário e porta-voz da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), a decisão de Rajoy é "eleitoralista".

"A retirada eleitoralista do projeto de lei do aborto representa, acima de todo, eliminar vidas humanas inocentes e falta de coerência", escreveu na sua conta twitter. 

Do lado do Governo apenas o Partido Popular (PP), com Alfonso Alonso, porta-voz parlamentar do partido do executivo a sublinhar a "decisão responsável" de Rajoy relativamente a um texto que "está a criar polémica e uma divisão na sociedade".

Rajoy confirmou hoje a retirada da polémica reforma da lei do aborto anunciando que se exigirá, apenas, que as menores tenham autorização dos pais antes de interromper voluntariamente a gravidez.

Essa é a única alteração à lei em vigor, explicou Rajoy hoje aos jornalistas, sublinhando que em paralelo o executivo vai preparar "um plano de proteção da família" que estará concluído antes do final do ano.

A decisão de Rajoy é uma derrota para o ministro da Justiça, Alberto Ruiz-Gallardón, representando o fim de um dos diplomas mais polémicos do atual executivo, que mereceu forte contestação dentro e fora de Espanha.

O Ministério da Justiça convocou para hoje uma conferência de imprensa com o ministro.

Lusa

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