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Papa diz que ninguém fez mais do que a Igreja na luta contra a pedofilia

O Papa Francisco disse, numa entrevista publicada hoje, que "ninguém fez mais" do que a Igreja na luta contra a pedofilia, sendo "talvez a única instituição pública que reagiu com transparência e responsabilidade".

Entrevistado pelo jornal italiano Corriere della Sera, o papa revelou  que "as estatísticas sobre o fenómeno da violência contra as crianças são  impressionantes, mas mostram claramente que a grande maioria dos abusos  ocorre no ambiente familiar e da vizinhança". 

A entrevista foi concedida ao diretor do Corriere della Sera, Ferrucio  De Bortoli, e também publicada hoje no jornal argentino La Nación. 

"Os casos de abusos sexuais são terríveis e deixam cicatrizes profundas.  Bento XVI foi muito corajoso e ele abriu um canal. A Igreja neste caminho  tem feito muito. Talvez mais do que qualquer um", declarou. 

"A Igreja católica é talvez a única instituição pública que reagiu com  transparência e responsabilidade. Ninguém fez mais e, no entanto, a Igreja  é a única a ser atacada", acrescentou o Papa. 

O Comité dos Direitos da Criança da Nações Unidas publicou no mês passado  um relatório muito crítico sobre a atitude do Vaticano na luta contra as  violências sexuais contra as crianças, acusando-o de não ter feito as denúncias  obrigatórias dos casos nas dioceses à justiça e de guardar segredo sobre  as investigações eclesiásticas. 

O Papa Francisco anunciou a constituição de uma comissão de especialistas  para a proteção das crianças para todas as instituições da Igreja. 

Milhares de crianças foram abusadas sexualmente por padres em numerosos  países, particularmente na Irlanda e nos Estados Unidos.  

A grande maioria dos factos remonta aos anos de 1960 a 1990. 

O Papa disse também que defini-lo como um "super homem" ou uma "estrela"  parece ofensivo, já que se considera uma pessoa normal, que ri, chora e  tem amigos. 

Na entrevista, Francisco disse que não queria fazer o balanço de um  ano porque fá-lo a cada quinze dias ao seu confessor, mas responde a questões  importantes que surgiram nestes 12 meses de pontificado. 

O Papa argentino falou dos seus telefonemas a pessoas que dele necessita,  mas repudia todas "as interpretações ideológicas e uma certa mitologia"  que se faz em torno da sua figura. 

Jorge Mário Bergoglio referiu que a família "atravessa uma crise muito  séria", já que "é difícil formá-la, pois os jovens casam-se pouco e há muitas  famílias separadas e os filhos sofrem muito". 

O Papa indicou que a Igreja precisa "refletir profundamente" sobre a  questão dos divorciados, que atualmente não recebem os sacramentos. 

Sobre as uniões civis, recordou que para a Igreja Católica o casamento  é somente entre "um homem e uma mulher", explicando que "os estados laicos  justificam as uniões civis para regular as diferentes situações de convivência,  empurrados pela exigência de regular aspetos económicos entre as pessoas,  como por exemplo a assistência médica". 

Para Francisco, "há que observar os vários casos e avaliá-los na sua  variedade".   

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