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Frederik de Klerk acusa ANC de discriminação racial

Frederik de Klerk, último Presidente branco da África do Sul, acusou hoje o ANC de discriminação racial durante um discurso nas cerimónias que marcam os 20 anos de democracia no país. 

Frederik de Klerk, último Presidente branco da África do Sul (Reuters/ Arquivo)
© Kacper Pempel / Reuters

"Nós nunca fomos consultados sobre a 'política da transformação' do  ANC e, por isso, não a aceitamos. Essa política que o ANC chama 'segunda fase da transformação' é diretamente contra os cidadãos sul-africanos e  por motivos de raça. Isto é inconstitucional e contrário às conquistas que  se conseguiram com a reconciliação nacional", disse de Klerk no discurso.

Frederik de Klerk, como chefe de Estado, legalizou o Congresso Nacional  Africano (ANC) e libertou o presidente do partido, Nelson Mandela, em 1990,  o que levou ao fim do regime de segregação racial (apartheid). 

Chegou a altura para "sérias conversações" entre o Governo e "aqueles  que são atingidos pela transformação", como os proprietários rurais, a imprensa,  as organizações da sociedade civil, e as pequenas e médias empresas. 

De Klerk, que partilhou o Prémio Nobel da Paz com Mandela em 1993, disse  que a "grande transformação" da África do Sul falhou e que hoje a sociedade  é mais desigual do que a que existia em 1994, altura em que se realizaram  as primeiras eleições livres no país. 

O ex-chefe de Estado referiu-se também ao Coeficiente Gini que mede  a desigualdade social em função dos rendimentos. 

"O nosso Coeficiente Gini é de 0.7, o que faz de nós uma das sociedades  mais desiguais em todo o mundo", afirmou. 

"As políticas governamentais no sentido da promoção da igualdade falharam  claramente", acrescentou De Klerk. 

"Os maiores beneficiários do reforço da economia têm sido a classe média  negra emergente e a elite e não a maior parte dos sul-africanos verdadeiramente  necessitados", afirmou. 

Apesar das críticas à situação atual do país, Frederik de Klerk disse  que o ANC conseguiu um sucesso notável desde que chegou ao poder com Nelson  Mandela, em 1994, sobretudo nas questões lideradas pelo líder histórico  do partido na construção de habitação social, distribuição de eletricidade  e de água e instalação de saneamento básico para cerca de oitenta por cento  da população. 

 

Lusa

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