Em simultâneo, e segundo uma ONG síria e a oposição, os rebeldes assumiram o controlo de uma localidade situada na estratégica estrada entre Damasco e Homs (centro), que se encontrava controlada pelo exército desde o início do conflito.
"A Frente islâmica é uma força social e militar independente que tem por objetivo derrubar o regime Assad (...) e substitui-lo por um Estado islâmico justo", afirmou em comunicado divulgado hoje a nova formação.
A fusão de sete grupos islamitas foi previamente anunciada no Facebook por Abu Firas, porta-voz da Liwa al-Tawhid, a maior brigada de insurretos de Alepo, norte do país. "Haverá apenas um comandante, um único exército -- o exército do islão -- e uma única política", garantiu Abu Firas.
Entre os grupos incluem-se o Liwa al-Tawhid (próximo da Irmandade Muçulmana), Ahrar al-Cham (salafista), Jaich al-islam (considerado próximo da Arábia Saudita) e a Frente islâmica curda. Desde o início do conflito na Síria, em março de 2011, este anúncio está a ser considerado como a mais importante fusão de grupos rebeldes islamitas.
"Se a frente se mostrar sólida a longo prazo, trata-se de um desenvolvimento muito significativo. É uma força militar considerável, muito acima dos 50.000 homens, que vai decerto dominar o cenário da rebelião", considerou o especialista na Síria Thomas Pierret, citado pela agência noticiosa AFP.
"É provável que o anúncio da frente seja o resultado de um esfoçro conjunto da Arábia Saudita e do Qatar", acrescentou o professor da universidade de Edimburgo, numa referência aos dois países que apoiam os rebeldes.
"Este anúncio ocorre após a morte, na segunda-feira, de d'Abdel Qader Saleh, chefe carismático do Liwa al-Tawhid, ferido num ataque do exército sírio quatro dias antes em Alepo, onde estava reunido com dirigentes de outras formações. Qader tinha apelado por diversas vezes à fusão dos grupos rebeldes.
Em declarações à AFP, Aron Lund, especialista em movimentos islamitas sírios, sublinhou que esta fusão "é muito importante caso consiga manter-se, porque reagrupa as mais importantes fações e os chefes mais conhecidos". "Existem islamitas de todas as tendências mas não organizações rebeldes com ligações à Al-Qaida", como o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), ou a Frente al-Nosra, precisou.
Alguns dos grupos envolvidos na fusão (Ahrar al-Cham ou Liwa al-Tawhid) continuam a integrar o Conselho militar supremo do Exército sírio livre. Militantes anti-regime no terreno, ainda citados pela AFP, consideraram este anúncio como uma "má notícia" para o Presidente Al-Assad e para os grupos fundamentalistas islâmicos.
Membros da oposição e diversos analistas têm referido que as profundas divisões detetadas até ao momento na rebelião explicam em parte os recentes avanços do exército, designadamente na região de Qalamun, próximo da fronteira libanesa.
Em paralelo, centenas de rebeldes tomaram hoje de assalto Deir Attiya, uma povoação desta região, à exceção de um hospital e de uma colina, referiu a Organização síria dos direitos humanos (OSDH), sediada em Londres.
A localidade foi controlada por uma coligação que agrupa o EIIL e a Frente al-Nosra, e outros batalhões rebeldes, precisou a ONG. Deir Attiya, com maioria de população cristã e 10.000 habitantes, situa-se 88 quilómetros a norte da capital, a meio caminho entre Damasco e Homs.
Lusa