As relações diplomáticas entre o Irão e os Estados Unidos estão cortadas desde a revolução islâmica de 1979, e os dois países encontram-se em conflito quanto ao dossier nuclear, acusando Washington o Irão, que desmente, de tentar produzir armas atómicas.
"Parece que um novo clima se instaurou com a chegada ao poder do novo Governo iraniano, e todos os parceiros internacionais estão a tentar corresponder a esse novo clima. Por exemplo, Barack Obama tentou utilizar um tom mais moderado e respeitoso", declarou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Morteza Sarmadi, segundo a agência Isna.
"Mas sem qualquer dúvida, o que é importante em política externa são os atos. Se os países do grupo 5+1 respeitarem os direitos nucleares do Irão no âmbito do Tratado de Não-Proliferação (TNP), penso que é imaginável que se alcance uma solução", acrescentou.
A imprensa iraniana saudou o discurso de Obama, tendo o diário económico Donayé Eghtessad apreciado o seu "tom diferente" em relação ao Irão.
Segundo o jornal Shargh (reformador), "as relações encontram-se numa nova via e mesmo os mais recalcitrantes aceitam o facto de que chegou o momento para uma mudança".
O jornal considera que "a situação internacional mudou de forma significativa a favor do Irão", ao passo que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu "está prestes a ficar isolado".
Ao prosseguirem as suas negociações com Washington sobre o nuclear iraniano, que culminarão, segundo a imprensa, na aprovação dos "direitos" do Irão, "Israel será cada vez mais apresentado como um país belicista e o Irão como um país pacifista", sustenta o diário iraniano.
O jornal Etemad (moderado) vê nas declarações de Hassan Rohani e Barack Obama uma "oportunidade histórica de relacionamento entre os Estados Unidos e o Irão".
Para um antigo responsável pela América do norte da diplomacia iraniana, Obama "reconheceu os erros passados", o que é um sinal de que as duas partes têm "vontade de lutar contra a desconfiança" mútua.
Vários jornais colocaram em manchete a declaração de Obama sobre a importância da "fatwa do guia supremo", o ayatollah Ali Khamenei sobre a proibição no Islão da posse de armas atómicas, vendo nela um gesto político importante da parte do Presidente norte-americano.
Numa coluna no diário britânico The Guardian, o ex-presidente reformador Mohammad Khatami (1997-2005) recorda que "há mais de uma década, parecia possível um acordo 1/8para solucionar os diferendos entre o Irão e o Ocidente 3/8, mas a diplomacia fracassou".
Khatami alerta para o fracasso "em encontrar uma atmosfera de confiança" que tivesse consequências "não regionais, mas mundiais".
O otimismo também não é partilhado pela imprensa conservadora.
O diário Kayhan goza com a "conversa de Obama para o Irão" e considera que tais declarações -- nomeadamente sobre o seu respeito do direito dos iranianos à energia nuclear pacífica - são "um sinal do poder do Irão".
Lusa