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Irão saúda discurso de Obama na ONU 

Um ministro iraniano saudou o "tom moderado  e respeitoso" do Presidente norte-americano, Barack Obama, no discurso que  proferiu na Assembleia-Geral da ONU, que foi igualmente elogiado pela imprensa  em Teerão. 

Pablo Martinez Monsivais

As relações diplomáticas entre o Irão e os Estados Unidos estão cortadas  desde a revolução islâmica de 1979, e os dois países encontram-se em conflito  quanto ao dossier nuclear, acusando Washington o Irão, que desmente, de  tentar produzir armas atómicas. 

"Parece que um novo clima se instaurou com a chegada ao poder do novo  Governo iraniano, e todos os parceiros internacionais estão a tentar corresponder  a esse novo clima. Por exemplo, Barack Obama tentou utilizar um tom mais  moderado e respeitoso", declarou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros,  Morteza Sarmadi, segundo a agência Isna. 

"Mas sem qualquer dúvida, o que é importante em política externa são  os atos. Se os países do grupo 5+1 respeitarem os direitos nucleares do  Irão no âmbito do Tratado de Não-Proliferação (TNP), penso que é imaginável  que se alcance uma solução", acrescentou. 

A imprensa iraniana saudou o discurso de Obama, tendo o diário económico  Donayé Eghtessad apreciado o seu "tom diferente" em relação ao Irão.   

Segundo o jornal Shargh (reformador), "as relações encontram-se numa  nova via e mesmo os mais recalcitrantes aceitam o facto de que chegou o  momento para uma mudança". 

O jornal considera que "a situação internacional mudou de forma significativa  a favor do Irão", ao passo que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu  "está prestes a ficar isolado". 

Ao prosseguirem as suas negociações com Washington sobre o nuclear iraniano,  que culminarão, segundo a imprensa, na aprovação dos "direitos" do Irão,  "Israel será cada vez mais apresentado como um país belicista e o Irão como  um país pacifista", sustenta o diário iraniano. 

O jornal Etemad (moderado) vê nas declarações de Hassan Rohani e Barack  Obama uma "oportunidade histórica de relacionamento entre os Estados Unidos  e o Irão". 

Para um antigo responsável pela América do norte da diplomacia iraniana,  Obama "reconheceu os erros passados", o que é um sinal de que as duas partes  têm "vontade de lutar contra a desconfiança" mútua. 

Vários jornais colocaram em manchete a declaração de Obama sobre a importância  da "fatwa do guia supremo", o ayatollah Ali Khamenei sobre a proibição no  Islão da posse de armas atómicas, vendo nela um gesto político importante  da parte do Presidente norte-americano. 

Numa coluna no diário britânico The Guardian, o ex-presidente reformador  Mohammad Khatami (1997-2005) recorda que "há mais de uma década, parecia  possível um acordo  1/8para solucionar os diferendos entre o Irão e o Ocidente 3/8,  mas a diplomacia fracassou". 

Khatami alerta para o fracasso "em encontrar uma atmosfera de confiança"  que tivesse consequências "não regionais, mas mundiais". 

O otimismo também não é partilhado pela imprensa conservadora. 

O diário Kayhan goza com a "conversa de Obama para o Irão" e considera  que tais declarações -- nomeadamente sobre o seu respeito do direito dos  iranianos à energia nuclear pacífica - são "um sinal do poder do Irão".

 

     

 Lusa

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