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Defesa de Pistorius assegura que "não foi homicídio, quanto mais premeditado"

O advogado de defesa do campeão paralímpico Oscar Pistorius refutou hoje a teoria da Procuradoria de que o arguido cometeu homicídio premeditado contra Reeva Steenkamp, afirmando que o incidente "nem foi homicídio, quanto mais premeditado". 

Antoine de Ras

Barry Roux, o chefe da equipa de defesa de Pistorius, que pede libertação  mediante fiança para o atleta bi-amputado, disse ao magistrado Desmond Nair  que o procurador Gerrie Nel não tem forma de provar que o arguido sabia  que era a sua namorada quem estava trancada na pequena casa de banho antes  de disparar 3 tiros através da porta, que acabaram por a matar. 

Insistindo na tese de que Oscar Pistorius estava convencido de que um  estranho tinha penetrado na sua residência e ameaçava a sua vida, cerca  das 03:00 horas da manhã de 14 de fevereiro, Roux argumentou que o facto  de se tratar de um condomínio seguro não exclui a possibilidade de os seus  residentes serem confrontados com situações de alto risco na África do Sul.

"É fácil encontrar exemplos de assaltos em condomínios seguros e até  mesmo de chefes de família que disparam por engano contra as suas mulheres  e filhos", disse Roux, numa audiência em que Pistorius voltou a não controlar  as suas emoções, chorando e soluçando desde o início dos trabalhos. 

Para o procurador, no entanto, a circunstância de Pistorius ter colocado  as suas próteses e caminhado cerca de sete metros até à porta da casa de  banho, antes de disparar contra ela para atingir quem se encontrava do outro  lado é por si só prova de premeditação. 

Gerrie Nel garantiu saber qual foi o motivo que levou o atleta a matar Reeva Steenkamp, mas que não o pretende divulgar nesta altura. 

"Nada, mas mesmo nada, apoia a teoria de que o arguido estava convencido  de que um assaltante se encontrava dentro da residência", disse o procurador.

No exterior do tribunal da comarca de Pretória, um vasto grupo de manifestantes  empunhou cartazes com palavras de ordem contra a violência doméstica, particularmente  contra as mulheres e as crianças, muitos deles exortando o magistrado a  não libertar Oscar Pistorius. 

"Deixe Pistorius apodrecer na cadeia", refere um cartaz subscrito pela Liga das Mulheres do partido no poder (o ANC). 

Em Port Elizabeth, 1.100 quilómetros a sul de Pretória, o serviço fúnebre privado em memória de Reeva Steenkamp, que reuniu cerca de meia centena  de familiares e amigos mais próximos, terminou cerca das 11:30 locais (9:30 de Lisboa) na capela do crematório de Victoria Park. 

Lusa

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