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Behring Breivik considera que ser internado é "pior que morrer"

O assassino confesso Anders Behring Breivik, que será julgado a partir de 16 de abril por ter matado 77 pessoas no verão em Oslo, Noruega, considera numa carta hoje divulgada que ir para um estabelecimento psiquiátrico é "pior que morrer".

© Scanpix Scanpix / Reuters

"Enviar um ativista político para um asilo é mais sádico e cruel que  o matar! É um destino pior que a morte", afirma Breivik numa carta de 38  páginas, da qual o jornal Verdens Gang (VG) publicou alguns extratos.  

A carta pretende desmontar ponto por ponto o relatório de dois psiquiatras  mandatados pela justiça norueguesa, que concluíram no ano passado que o  extremista atualmente com 33 anos era psicótico, sofrendo de "esquizofrenia  paranoica", e que portanto era penalmente inimputável.  

Se os juízes de Oslo chegarem à mesma conclusão na sequência do julgamento,  que terá início a 16 de abril, Breivik será condenado a um tratamento psiquiátrico  num estabelecimento fechado, provavelmente para sempre.  

No entanto, o acusado pretende, segundo os advogados, declarar-se são  de espírito, não invalidando o manifesto ideológico que difundiu no dia  dos ataques, os quais devem precisamente servir para atrair a atenção para  o documento repleto de tiradas contra o Islão e hostis ao multiculturalismo.

"Devo honestamente reconhecer que é o pior que me podia acontecer na  medida em que é uma humilhação", adianta Breivik na carta.  

Segundo o jornal VG, o extremista afirma que detetou mais de 200 erros  no relatório dos dois psiquiatras desde pormenores linguísticos a declarações  completamente inventadas, segundo o próprio.  

Invertendo os papéis, Breivik põe a hipótese na carta de que os dois  psiquiatras que o examinaram possam ter ficado de tal forma traumatizados  com os ataques que não tenham conseguido "ser objetivos".  

Os psiquiatras "tinham a intenção clara de reunir as condições que  justificassem o diagnóstico ao qual chegaram muito rapidamente", afirma  na carta.  

A 22 de julho, disfarçado de polícia, Behring Breivik abriu fogo durante  mais de uma hora contra jovens trabalhistas reunidos na ilha de Utoya, perto  de Oslo, depois de ter provocado a explosão de uma bomba perto da sede do  Governo norueguês.  

"Eu sabia evidentemente fazer a diferença entre o bem e o mal, mas agi  instintivamente", adiantou o extremista que se descreve como sendo "uma  pessoa extremamente pragmática".  

Nos dois ataques morreram 77 pessoas, maioritariamente adolescentes.

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