Meteorologia

O que é uma “cúpula de calor” e porque está a intensificar as ondas de calor na Europa?

Com temperaturas a ultrapassar os 40 °C em Espanha e Portugal e incêndios florestais a deflagrar em França, a Europa Ocidental enfrenta uma das mais severas ondas de calor dos últimos anos. Mas o que está na origem deste fenómeno extremo? A resposta está numa expressão cada vez mais comum no vocabulário meteorológico: a “cúpula de calor”.

SIC Notícias

O que é uma cúpula de calor?

Uma cúpula de calor é uma área de alta pressão atmosférica que fica “presa” sobre uma determinada região, impedida de se mover devido à dinâmica atmosférica envolvente. Funciona como uma tampa sobre uma panela ao lume: o ar quente fica retido, aquece ainda mais e comprime-se, formando uma espécie de “cúpula” térmica.

Este fenómeno impede a formação de nuvens e bloqueia os ventos refrescantes, resultando em dias claros, ensolarados e com temperaturas elevadas. À medida que a cúpula permanece sobre a mesma área, as superfícies escuras — como estradas e edifícios — absorvem e retêm mais calor, secando o solo e aumentando o risco de incêndios florestais.

Qual a ligação com as alterações climáticas?

Embora as cúpulas de calor não sejam um fenómeno novo, os cientistas alertam que as alterações climáticas estão a torná-las mais intensas, frequentes e prolongadas. O aumento da temperatura média global, impulsionado pela acumulação de gases com efeito de estufa, sobretudo provenientes da queima de combustíveis fósseis, está a elevar o “ponto de partida” térmico do planeta.

Isto significa que, quando ocorrem ondas de calor, os picos de temperatura são mais elevados do que seriam num clima sem aquecimento global. A Europa, em particular, é o continente que mais rapidamente está a aquecer, num ritmo duas vezes superior à média global.

Exemplos recentes incluem o mês de junho mais quente de sempre em Espanha e um novo recorde nacional de temperatura em Portugal, com 46,6 °C registados em Mora, no Alentejo.

O que esperar para o futuro?

As previsões sazonais para julho, agosto e setembro indicam uma elevada probabilidade de um verão mais quente do que a média na Europa. Segundo a Samantha Burgess, do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus da União Europeia, as ondas de calor estão a começar mais cedo no ano e a prolongar-se por mais tempo.

Além da Europa, os Estados Unidos também enfrentaram recentemente temperaturas extremas causadas por uma cúpula de calor, demonstrando que este fenómeno está a tornar-se cada vez mais global.

Últimas