Vacinas e Envelhecimento

Olhar para as vacinas “como sendo para toda a vida”

Longevidade. Especialistas explicam a importância da vacinação para um envelhecimento com qualidade. E reforçam: são fundamentais para todos — sejam crianças, adolescentes ou idosos

Em 1960, a introdução da vacina contra a poliomielite teve grande impacto em Portugal

A vacinação pode ter um contributo decisivo na longevidade — além de prevenir doenças graves também evita complicações que podem reduzir a expectativa de vida.

Henrique Lopes concorda e acrescenta: além da covid-19, há outras doenças cujos efeitos podem ser minimizados. Para isso, realça o diretor do NOVA Center for Global Health, basta uma vacina. “Há uma grande preocupação, por exemplo, com as mudanças climatéricas, há a expectativa de que as doenças infectocontagiosas possam subir imenso. Estamos expostos a essas doenças e algumas delas são evitáveis por via da vacinação”, reforça, alertando para a importância das vacinas independentemente da idade: “É fundamental olhar para a vacinação como sendo para toda a vida, não apenas para crianças ou adolescentes.”

Henrique Lopes admite que o tema vacinação levanta questões até mesmo junto dos profissionais de saúde, mas não tem dúvidas: é decisiva em qualquer idade... para envelhecer com mais qualidade.

Europa atenta

Sara Cerdas, médica e eurodeputada, assume a responsabilidade de defender a saúde e o bem-estar de todos os cidadãos europeus, especialmente os mais vulneráveis, como os mais velhos. “A União Europeia (UE) tem desempenhado um papel fundamental na coordenação de esforços para melhorar as taxas de vacinação entre os idosos em todo o seu território”, sublinha.

“O investimento tem sido significativo para o desenvolvimento de vacinas seguras e eficazes para idosos. O caso mais notável é a covid-19, onde a Comissão Europeia garantiu até 4,2 mil milhões de doses”, acrescenta.

Equipa de peritos procura soluções para um programa com vacinas universais e gratuitas para adultos

De acordo com a eurodeputada, “graças às iniciativas da UE, as taxas de vacinação entre os idosos na Europa aumentaram nos últimos anos”. A médica reconhece, no entanto, que, “apesar dos progressos significativos, ainda existem desafios consideráveis para garantir a vacinação completa e eficaz” entre os mais velhos. E promete continuar atenta. “É crucial investir em campanhas de informação e sensibilização que abordem as preocupações dos idosos de forma clara, honesta e baseada em evidências científicas.”

Grupo de reflexão volta a reunir-se no dia 8

A primeira vez que a vacinação teve impacto em Portugal foi no século XVIII, devido à varíola. A verdade é que, hoje, esse simples ato continua a ter uma importância fulcral na vida de cada um, independentemente da idade.

E é essa importância que origina o projeto + Longevidade. A iniciativa da NOVA IMS, com o apoio da GSK, conta na equipa de trabalho com grandes especialistas na área da vacinação (ver coluna de opinião). Mas “o projeto insere-se num cenário mais amplo. Decorre em quatro países: Suécia, Alemanha, Chéquia e Portugal. É um grupo de trabalho europeu”, explica Henrique Lopes.

Em Portugal, a equipa de reflexão já se reuniu duas vezes. Na primeira conversa o foco esteve no papel da vacinação no adulto perante o contexto epidemiológico e demográfico, bem como na idealização de um referencial de Programa Vacinal no Adulto. Na segunda sessão, a conversa girou em torno das barreiras e desafios ao reforço de uma agenda de políticas para a vacinação no adulto e no custo-oportunidade de mais investimento em vacinação pelo sistema de saúde.

A terceira reunião está agendada para a próxima quarta-feira, dia 8. O objetivo passa por discutir e encontrar soluções para implementar um programa com vacinas universais e gratuitas direcionado ao adulto.

Textos originalmente publicados na edição de 3 de maio do Jornal Expresso

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