Guerra Fria

Novos tanques para Ucrânia: um pesadelo? Para quem?

José Milhazes e Nuno Rogeiro, no espaço de comentário Guerra Fria, analisam o envio de, pelo menos, 240 carros de combate de países da NATO para a Ucrânia, o ponto de situação no terreno, a fuga de cérebros da Rússia e as detenções que Moscovo faz diariamente.

José Milhazes

Nuno Rogeiro

Até ao final de março, contando com as promessas de envio e os fornecimentos já confirmados, a Ucrânia receberá, pelo menos 240 carros de combate de países da NATO. Mas há um problema: trata-se de pelo menos quatro tipos diferentes de veículos. Será fácil integrar os novos tanques ocidentais?

No terreno existem várias combates em curso. Fala-se muito em Bakhmut, mas há outras batalhas em curso no sul e leste da país.

A Ucrânia foi outra vez atacada esta semana, incluindo com mísseis hipersónicos Khinzal. Os disparos de mísseis e drones atingiram outra vez alvos civis e a infraestrutura elétrica. Numa entrevista polémica, Alexander Rutskoi, o ex-herói militar e piloto da URSS no Afeganistão e ex-vice presidente da Rússia de 1991 a 1993, comenta os ataques do Kremlin a alvos não-militares e diz que se trata de uma traição ao povo, estado e forças armadas russas.

Muitos russos acham que o grupo mercenário Wagner afeta a imagem do país e denigre as forças armadas, com o seu uso maciço de presidiários libertados sem ordem judicial. Os EUA consideraram a Wagner uma organização terrorista, com todas as consequências de sanção internacional.

Na Rússia não há dia em que não seja detido alguém ou encerrado uma organização social que discorde com o regime de Putin. José Milhazes explica que chegou a vez da Proibição do Grupo de Helsínquia de Moscovo, a mais antiga organização de defesa dos direitos humanos no país. Não obstante todas as repressões e prisões, resistiu até ao fim da URSS e continuou as suas atividades até esta quinta-feira, quando foi proibida pelos tribunais russos.

Outro fenómeno que está a preocupar a Rússia é a fuga de cérebros, que tenta inventar firmas para a compensar. As propostas até agora feitas não dão resultado, mas a busca continua.

Emitir Gussev, deputado do partido Rússia Unida, dirigido por Putin, propõe atrair sete milhões de pessoas da Europa e da América para a Rússia através da doação a cada um de dez hectares de terra. Ele não tem dúvida que o Ocidente se está transformar num inferno espiritual para os seus cidadãos e muitos deles sonham em ir viver para a Rússia.

Nuno Rogeiro destaca ainda o aniversário da grande pedra do sapato da invasão russa: Zelensky, que esta semana completou 45 anos. Explica que ele podia ter fugido aos primeiros tiros, dirigir um governo no exílio e viver confortavelmente no Ocidente, com a família, até ao fim dos seus dias. Mas preferiu ficar em perigo, todos os dias, ao lado do seu povo, e muitas vezes na frente de combate.

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